Pelo menos dois doentes urgentes não puderam ser, neste verão, transportados do Litoral Alentejano para Lisboa por falta de enfermeiros. Um desses doentes era alguém que precisava de ir para a Via Verde do AVC. A denúncia, feita pela Ordem dos Enfermeiros ao Diário de Notícias, surge em antecipação à greve que a classe faz esta quinta e sexta-feira, reivindicando um reforço do número de profissionais e melhores condições de carreira.

Os casos deram-se numa zona onde existe uma maior afluência de pessoas no verão, mas o presidente da secção regional do sul diz que estas são situações recorrentes e não são exclusivas daquela região. A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, reclama a contratação de três mil profissionais por ano e diz que, dos 1.700 necessários para compensar a generalização das 35 horas, ainda só chegaram 1.100 aos hospitais.

Faltam 21 enfermeiros só na urgência do hospital do Litoral Alentejano e já houve situações em que o transporte de doentes entre hospitais ficou em causa, porque não havia um enfermeiro para acompanhar essas pessoas”, afirma Ana Rita Cavaco.

As transferências entre hospitais são um dos cenários onde se sentem mais dificuldades. “Como a equipa de enfermagem da urgência já está abaixo dos mínimos, quando se coloca a necessidade de transportar um doente para outro hospital tentam arranjar um enfermeiro com essas competências noutros serviços, o que obriga a fazer vários telefonemas. Pode passar uma ou duas horas neste processo”, revela o presidente da região sul da Ordem, Sérgio Branco.

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Os enfermeiros voltam nesta quinta-feira a fazer greve, cerca de um mês depois de uma paralisação de cinco dias, a poucas semanas de ser apresentada a proposta do Orçamento do Estado para 2019.

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