Lisboa “arrisca tornar-se a próxima Veneza”, admite o jornal britânico The Telegraph, que dedicou um longo texto a descrever os “problemas” causados pelo “excesso de turismo”. Logo no título, o jornal compara a capital portuguesa (juntando-lhe, também, o Porto) com a cidade italiana que se “disneyficou“, ou seja, que se tornou um sítio saturado com turistas ao ponto de se tornar “insustentável” viver na cidade – onde até os turistas se estorvam uns aos outros.

Citando uma jornalista estrangeira a viver em Portugal, Trish Lorenz, o jornal considera que “as infraestruturas estão a ficar saturadas e as multidões acumulam-se nos principais pontos de atração turística”. Em cidades como Barcelona, Veneza, Amesterdão e Dubrovnik e Maiorca já existem “tensões” entre os habitantes locais e os turistas, refere o Telegraph — a jornalista citada no texto diz que por causa do barulho e do lixo “os habitantes locais [também] em Lisboa estão a ficar cada vez mais fartos”. A isso juntam-se os relatos de pessoas cujos contratos de arrendamento foram cancelados, pelos senhorios, para que as casas fossem colocadas em plataformas de alojamento local, como o Airbnb.

Até o fecho da Pastelaria Suíça, para dar lugar a um hotel de cinco estrelas, é referido no artigo. Trish Lorenz diz que, apesar de viver em Portugal, o facto de ser estrangeira e ter aspeto de turista faz com que, por vezes, em restaurantes e outros locais lhe tentem passar à frente nas filas, de forma antipática.

Para Lisboa, “o pior de tudo” são os cruzeiros, que atracam em Lisboa e “despejam” milhares de passageiros que depois nem sequer vão ajudar a economia local porque as dormidas são no barco e algumas das refeições também. “A situação não é, definitivamente, sustentável”, comenta a jornalista citada pelo Telegraph.

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Para combater estes problemas, o jornal pergunta a si próprio: o que é que os turistas podem fazer para ajudar? “Ir para outros sítios que não Lisboa e Porto já seria uma boa ajuda, para começar”, escreve o The Telegraph. Para isso, o jornal dá cinco alternativas normalmente “subestimadas”, também em território nacional.

Coimbra, pelos edifícios históricos (incluindo a universidade) e a comunidade estudantil;

Alentejo, um local de “tranquilidade rural” que não deixa de ter pontos de interesse cultural (Vila Viçosa é um exemplo);

Olhão, que “conseguiu manter-se à margem do excesso de construção que uma grande parte do Algarve sofreu”;

Comporta, que “para quem ouviu histórias sobre como era Ibiza nos anos 70, a Comporta tem o mesmo tipo de experiência”.

Serra da Estrela, com a riqueza da fauna e flora local e o facto de estar longe dos centros turísticos habituais.

(artigo corrigido com a descrição feita pela jornalista da antipatia com que, por vezes, é tratada pelos lisboetas)