As medidas protecionistas da administração norte-americana liderada por Trump atingiram um nível que afeta “substancialmente” a perspetiva de crescimento da economia mundial, apesar de a expansão continuar sólida, considerou esta sexta-feira a agência Fitch.

“A batalha comercial entre Estados Unidos e China leva-nos a baixar a nossa previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) mundial para 2019”, sublinha a agência de notação financeira, numa altura que está prevista a aplicação de novas tarifas pelas duas principais economias mundiais a partir de segunda-feira.

Na terça-feira, Pequim anunciou que vai impor tarifas a exportações norte-americanas no valor de 60 mil milhões de dólares (cerca de 51 mil milhões de euros), em represália às taxas alfandegárias no valor de 200 mil milhões de dólares que os Estados Unidos anunciaram pouco antes que iam aplicar a bens provenientes da China.

“A guerra comercial é agora uma realidade”, afirmou Brian Coulton, economista-chefe da Fitch, citado num comunicado divulgado pela AFP. “O anúncio da imposição de taxas alfandegárias a 200 mil milhões de dólares de importações suplementares provenientes da China terá um impacto considerável no crescimento mundial”, advertiu.

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Os economistas da Fitch apontam agora para um crescimento económico na China de 6,1% este ano, ou seja, 0,2 pontos percentuais abaixo do antecipado em junho, e uma previsão de crescimento mundial de 3,1% para 2019, uma décima abaixo do previsto há três meses. Apesar das novas previsões, as perspetivas a curto prazo permanecem “sólidas”, com uma previsão de crescimento de 3,3% para este ano, depois de 3,2% em 2017, bastante acima da média histórica de 2,6% (após 1990).

A agência também reviu em baixa o crescimento da economia nos países da zona euro para este ano, passando-o para 2%, menos 0,3 pontos percentuais.

A Fitch assinala ainda a pressão no mercado mundial de crédito devido à subida das taxas de juro pelo banco central norte-americano, o que reforça o dólar e aumenta os custos de financiamento. “Isso terá consequências pesadas no crescimento das economias emergentes” para as quais os pagamentos de empréstimos têm um peso maior, considera a Fitch, que também baixou as previsões para estes países.