Foi um momento frequentemente recordado durante a semana que passou: no dia 26 de maio de 2004, Carlos Alberto, Deco e Alenichev foram os porta-estandartes de uma geração de ouro do FC Porto que conquistou a Liga dos Campeões frente ao Mónaco, em Gelsenkirchen. Os azuis e brancos voltaram à casa do Schalke 04 na passada terça-feira e desta vez não foram tão felizes, ao não conseguir melhor do que um empate a uma bola. Naquela altura, José Mourinho era o carismático líder que começava a conquistar a Europa e levou à glória nomes como Vítor Baía, Jorge Costa, Costinha ou Jorge Costa. Entre eles, Nuno Espírito Santo, eterno número 2 de Baía no Dragão mas peça importante no xadrez coeso que era o FC Porto em 2003/2004. Este sábado, Mourinho e Espírito Santo reencontram-se: desta vez, um à frente do Manchester United, outro do Wolverhampton, em jogo a contar para a 6.ª jornada da Premier League.

Daquela equipa que venceu a Liga dos Campeões em maio de 2004, vários jogadores tornaram-se treinadores, quiçá inspirados pela refrescante abordagem de Mourinho: Sérgio Conceição, Pedro Emanuel, Jorge Costa, Secretário, Costinha, Tiago, Benni McCarthy, Nuno Valente, Jankauskas, Mário Silva e Alenichev. E claro, Nuno Espírito Santo. O antigo guarda-redes saiu do Dragão em janeiro de 2005 (sete meses depois da saída de Mourinho para o Chelsea) e ainda passou pelo Dínamo Moscovo e pelo Desp. Aves antes de regressar à casa mãe, em 2007, onde ficou até pendurar as botas em 2010.

José Mourinho em Gelsenkirchen, na véspera da final da Liga dos Campeões frente ao Mónaco

Estreou-se nas andanças de treinador dois anos depois, já após duas aventuras ao lado de Jesualdo Ferreira – foi treinador de guarda-redes no Málaga e no Panathinaikos. Em 2012, na sequência da saída de Carlos Brito, o Rio Ave anunciou que Nuno Espírito Santo era o novo treinador dos vilacondenses. Na segunda temporada, levou o Rio Ave às finais da Taça de Portugal e da Taça de Liga, conquistando a primeira qualificação europeia da história dos vilacondenses. Ficou até julho de 2014, quando saiu para substituir Juan Antonio Pizzi no Valência. Só teve de esperar dois anos até assumir a cadeira de sonho.

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Foi apresentado como novo treinador do FC Porto em junho de 2016 mas deixou o cargo menos de um ano depois, em maio, no seguimento de um dececionante segundo lugar no campeonato. Mas para o Wolverhampton foi suficiente. Nuno Espírito Santo assinou por três anos com o clube inglês e levou os Wolves de regresso à Premier League depois de uma ausência de seis anos. Este sábado, essa subida de divisão vale um reencontro com o antigo treinador.

Nuno Espírito Santo foi guarda-redes do FC Porto entre 2002 e 2004 e regressou ao Dragão em 2007

Os dois treinadores, mestre e aprendiz, desdobraram-se em elogios mútuos durante a semana. Mourinho disse que o antigo pupilo “tem feito um trabalho fantástico” e Espírito Santo garantiu que ouvir essas palavras do ex-técnico era “uma honra”. “O José foi meu treinador durante dois anos. O que alcançámos no FC Porto vai ficar nas nossas memórias para sempre. Ele foi uma inspiração para todos nós na equipa. Vai ficar para sempre na nossa memória. Foi uma grande inspiração”, disse o treinador do Wolverhampton na conferência de imprensa. Este sábado, às 15h, inspiração e inspirado encontram-se em Old Trafford.