A Polícia da República de Moçambique (PRM) disse esta sexta-feira à Lusa que estão em curso operações para a captura dos grupos armados que mataram dez pessoas numa aldeia remota da província de Cabo Delgado e atacaram uma patrulha militar noutro ponto da região. “As operações para a captura destes indivíduos já decorrem na região”, disse o porta-voz do Comando-geral da PRM, Inácio Dina.

Nas últimas 24 horas, grupos armados desconhecidos mataram dez pessoas numa aldeia remota da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, e atacaram uma patrulha militar noutro ponto da região, disserem fontes das autoridades locais à Lusa esta sexta-feira.

Grupos armados matam dez pessoas e atacam patrulha militar no norte de Moçambique

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Um ataque aconteceu cerca das 20h00 locais (19h00 em Lisboa) de quinta-feira, na aldeia de Ntoni, um povoado pertencente ao posto de Mucojo, distrito de Macomia, no litoral centro de Cabo Delgado. Segundo fontes locais, o grupo — que estaria a usar farda — entrou a disparar e matou dez residentes, além de ferir outras 15 pessoas e incendiar, pelo menos, 30 casas.

A emboscada a uma patrulha militar aconteceu também na quinta-feira, mais a norte, junto a Pundanhar, distrito de Palma, acrescentou outra fonte à Lusa, sem precisar as consequências do confronto. O porta-voz da Polícia moçambicana não confirmou o número de vítimas, considerando que decorrem ainda ações para apurar os danos resultantes dos ataques. “Estamos em contacto com os nossos colegas na província para conciliar informações e oportunamente vamos ter números e mais detalhes”, concluiu Inácio Dina.

O último ataque tinha acontecido a 8 de setembro, também contra um povoado do posto administrativo de Mucojo, distrito de Macomia. Três dias depois, a PRM referiu que a situação estava “sob controlo”.

Povoações remotas da província de Cabo Delgado, situada entre 1.500 a dois mil quilómetros a norte de Maputo, têm sido atacadas por desconhecidos desde outubro de 2017, provocando um número indeterminado de mortos, na ordem das dezenas, e um número ainda maior de deslocados.

Os grupos que têm atacado as aldeias nunca fizeram nenhuma reivindicação nem deram a conhecer as suas intenções, mas investigadores sugerem que a violência está ligada a redes de tráfico de heroína, marfim, rubis e madeira.

Os ataques acontecem numa altura em que avançam os investimentos de companhias petrolíferas em gás natural na região, mas sem que até agora os atacantes tenham entrado no perímetro reservado aos empreendimentos.