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Águia voou sozinha com asa esquerda de ouro (a crónica do Benfica-Desp. Aves)

Este artigo tem mais de 5 anos

Benfica teve pela frente um Desp. Aves macio e regressou às vitórias. João Félix foi aposta inicial, marcou e saiu lesionado. Para o seu lugar entrou Cervi, que fechou o triunfo final (2-0).

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Gerardo Santos / Global Imagens

Gerardo Santos / Global Imagens

O Benfica teve uma noite mal dormida a meio da semana, com dois pesadelos com o Bayern Munique – entenda-se, dois golos sofridos aos pés do gigante europeu na estreia na Champions. Para regressarem aos sonhos de cor de rosa e darem um pontapé nas insónias, os encarnados tinham pela frente o adversário ideal – aquele com o qual nunca perderam, nos 13 jogos então disputados.

Treze era, por isso, número de sorte para as águias, que até traziam no bico boas notícias para o duelo. Jonas estava de regresso aos convocados dois meses depois e, com ele, veio, no pré-jogo, uma discussão existencial que, de vez em quando, assalta o espírito benfiquista: manter o 4x3x3 ao qual Rui Vitória se rendeu a meio da época passada ou mudar para o 4x4x2 testado em algumas partidas da pré-época? Outra dúvida: iria Rui Vitória promover a primeira titularidade da época ao mortífero camisola 10 ou apostar no bom momento de Haris Seferovic? – o mal-amado que quase deixou o Benfica, convertido, entretanto, no avançado que acendeu a Luz dos golos benfiquistas.

Rui Vitória teve uma abordagem conservadora nestes dois aspetos — manteve o sistema dominante e deixou Jonas no banco — mas promoveu uma revolução onde talvez menos se esperava. O técnico deu a titularidade a João Félix, mas tirou-a a outro miúdo, Gedson Fernandes. Por outro lado, lançou de início Gabriel, o tal jogador de quem falou na antevisão da partida, dizendo ter feito “uma entrada gradual” na equipa e estar “apto para ir a jogo” — fechando-se em copas na hora de explicar se iria fazê-lo frente ao Aves ou não.

Ficha de Jogo

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Benfica-Desp. Aves, 2-0

5.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz

Árbitro: Rui Costa

Benfica: Vlachodimos; André Almeida, Ruben Dias, Jardel e Grimaldo (Rafa, 83′); Pizzi, Fejsa e Gabriel; Salvio (Jonas, 72′), Seferovic e João Félix (Cervi, 53′).

Suplentes não utilizados: Bruno Varela, Samaris, Gedson e Castillo.

Treinador: Rui Vitória

Desp. Aves: Bernardeau; Rodrigo, Ponck, Defendi e Vítor Costa (Falcão, 74′); El Adoua, Vítor Gomes e Braga (Derley, 59′); Mama Baldé, Bruno Gomes e Elhouni (Douglas, 82′).

Suplentes não utilizados: Aflalo, Diego Galo, Nelson Lenho e Rúben Oliveira.

Treinador: Luís Mota

Golos: João Félix (34′) e Cervi (62′).

Ação disciplinar: Cartão amarelo a El Adoua (61′), Derley (77′), Rúben Dias (86′) e Falcão (90′).

Fez mesmo e colocou-o ali na zona do meio-campo onde Gedson tem brilhado, lançando João Félix para o lugar do desgastado Franco Cervi para fazer companhia a Salvio e Seferovic no setor mais avançado. E esta foi a decisão que mudou a partida. O jovem de 18 anos foi, desde o primeiro sopro da partida, o grande desequilibrador do encontro. Prova disso, o golo anulado logo ao quarto minuto — e bem anulado, já que o jogador estava em fora de jogo.

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A asa esquerda era aquela que mais elevava a águia para o voo que, cada vez mais, se adivinhava ser de vitória. De novo João Félix no centro das atenções, quando sofreu um ligeiro encosto de Defendi na grande área — tão ligeiro que não parece ferido de ilegalidade — levando os encarnados a reclamarem grande penalidade. Aos poucos, o jovem extremo ia acumulando uma série de pormenores deliciosos — como aquela receção de calcanhar — que só não foram mais por alguma precipitação com a bola nos pés. Mas o Estádio da Luz gostava do que via e aplaudia o jogador a cada passo.

Mas, em abono da verdade, não foi apenas Félix que carregou a equipa às costas. Todo o tridente ofensivo esteve muito ativo, desde logo Salvio, que permitiu que Bernardeau começasse a demarcar-se como o melhor elemento em campo dos avenses: grande combinação com Pizzi, com o médio português a isolar o argentino para o golo — não fosse a nega do guarda-redes francês.

Seferovic também confirmava os pergaminhos de ex-patinho feio da Luz promovido a cisne. Aos 26 minutos, ainda de fora da área, sacou do pé esquerdo, puxou-o cá atrás e desferiu um remate que só não deu golo porque desviou na defensiva avense e saiu para fora. Três minutos depois, o suíço voltou a atirar às redes contrárias, mas estava lá o suspeito do costume, Bernardeau, para manter o nulo no marcador. Seferovic haveria ainda de fugir pela direita e cruzar atrasado para o que parecia ser o golo certo de Pizzi mas, desta vez, surgiu um novo herói entre os avenses, Rodrigo, que foi de carrinho afastar o perigo.

O Benfica parecia jogar sozinho perante um Desp. Aves recuado no terreno, a dar prioridade a uma defesa coesa e bem organizada — sobretudo no corredor central, forçando o Benfica a procurar as alas para incomodar Bernardeau. José Mota bem mandava a equipa subir, mas o primeiro remate haveria de chegar apenas à meia hora, num tiro de Mama Baldé que foi em direção… à bancada.

Estava na hora de João Félix abrir o livro depois das várias ameaças de classe que foi espalhando pelo relvado da Luz. Somou mais uma, mas desta vez a contar: Pizzi fez um enorme passe a rasgar a defensiva avense, encontrou João Félix ali no seu raio de ação à esquerda e o menino picou a bola por cima de Bernardeau, que, desta vez, nada pôde fazer para evitar o golo. Antes do intervalo, Salvio ainda atirou uma bola ao poste, na sequência de um grande remate em arco com o pé esquerdo e Vlachodimos passou de espectador a jogador fazendo a primeira defesa mesmo em cima do descanso.

Que ironia tem o destino, terá pensado João Félix. O jovem benfiquista, que tinha escrito o nome na história deste campeonato ao marcar dois golos nos dois jogos em que atuou, colocou mal o pé esquerdo e ficou estendido no chão. Nem mesmo os aplausos da bancada mudaram o destino que ficou traçado naquele lance. O menino bonito da Luz teve mesmo de deixar o jogo, sendo substituído por Franco Cervi.

Mas nem por isso as asas da águia benfiquistas deixaram de voar. Pelo contrário. O argentino precisou de nove minutos em campo para, também ele, escrever o nome na lista de marcadores. Fejsa abriu para André Almeida na direita, o lateral viu Cervi em boa posição e não hesitou: colocou-lhe a bola nos pés. O argentino dominou com o esquerdo e rematou com o direito, num tiro que desviou na defensiva adversária e traiu Bernardeau — que foi (novamente) providencial pouco depois, desta vez no cara a cara com Seferovic.

José Mota resolveu mexer. Tirou o médio Braga, colocou o avançado Derley e passou a jogar com dois homens na frente. O dianteiro brasileiro, que já passou pelo Benfica, ainda aproveitou uma fífia de Grimaldo, mas, na hora H, falhou o alvo. Assim como Jardel que, já com Jonas em campo — que voltou à competição dois meses depois — foi ao segundo andar cabecear à trave. Gabriel ainda tentou a sorte mesmo ao cair do pano, mas o remate saiu a tirar tinta ao poste esquerdo de Bernardeau. No final das contas, confirmou-se que o Desp. Aves era mesmo o adversário ideal para o regresso encarnado às vitórias. Depois de uma noite de pesadelo a meio da semana, as águias vão dormir esta noite na liderança à espera do resultado desta segunda-feira entre Sporting e Sp. Braga.

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