Este domingo amanheceu com a imprensa inglesa a dar conta do suposto desagrado do plantel do Everton em relação a Marco Silva. As coisas não estão a sair de feição ao técnico português, com os toffees a chegarem ao campo do Arsenal vindos de uma derrota com o West Ham (3-1) e um empate com o Huddersfield (1-1). Em cinco jogos, só por uma vez o Everton venceu esta temporada e foi ao Rotherham, por 3-1. É certo que “em casa onde não há pão [vitórias, entenda-se] todos ralham e ninguém tem razão”, e, fazendo fé nos jornais britânicos, o grupo de jogadores (liderado pelos atletas mais velhos) estará insatisfeito com a exigência dos treinos e com as táticas usadas pelo português.

Desunião não se viu; viu-se, sim, um Everton a entrar a todo o gás no encontro, a tentar assentar o jogo e sempre a pressionar alto. Calvert-Lewin protagonizou duas oportunidades madrugadoras — a primeira logo ao abrir do pano, quando, lançado por Davies permitiu que Petr Cech lhe saísse aos pés e a segunda quando não esticou o pé ao ponto de dar a melhor sequência a um cruzamento da direita.

Os guarda-redes estiveram em destaque no arranque do encontro. Do outro lado, foi a vez de Pickford brilhar aos 12 minutos, quando travou um tiro com selo de golo de Monreal. Logo depois, de novo Petr Cech em ação, desta vez a parar um remate em arco de Richarlison.

Apesar de haver oportunidades de parte a parte, as melhores eram do Everton — e o Arsenal, adversário do Sporting na Liga Europa, ia acumulando erros defensivos (atenção, José Peseiro!), que faziam com que Petr Cech fosse, provavelmente, o melhor elemento em campo. Ainda antes do intervalo, mudou o destino a um livre de Digne que ia direitinho à “gaveta” e ainda saiu aos pés de Walcott, que tinha ficado no cara a cara com o guardião depois de uma desmarcação rápida a passe de Sigurdsson.

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Com o tempo, o Arsenal foi ganhando algum domínio territorial e, em alguns momentos, até parecia ter mais homens em campo — embora não soubesse ao certo o que fazer com eles. Em parte graças a um Everton que se deslocou a Londres atrás da vitória, que foi eficaz a condicionar a saída de bola dos gunners mas que não o foi a transformar as muitas oportunidades que teve em golos.

E foi precisamente a castigar essa ineficácia da equipa de Marco Silva que o Arsenal se adiantou no marcador aos 56 minutos, num tremendo pontapé de Lacazette. O avançado francês foi descoberto por Ramsey no lado esquerdo do ataque e desferiu um remate cruzado ao ângulo, deixando Pickford sem opção para evitar o pior. Ainda o Everton estava a pensar como ia dar a volta ao texto e já Aubameyang escrevia um novo capítulo na vitória do Arsenal, ao apontar o 2-0, num lance conduzido por Ozil e com assistência de calcanhar de Ramsey. Mas o golo devia ter sido anulado por fora de jogo, já que o avançado gabonês recebeu a bola (muito) adiantado.

Os dois golos em forma de ‘ketchup’ — usando a célebre expressão de Ronaldo que queria dizer que, quando surge o primeiro, os outros chegam mais facilmente — deixaram o Everton sem conseguir reagir. Até final, Petr Cech manteve-se o melhor elemento em campo e ainda viu a bola bater-lhe nos ferros. Mas ficou para a historia a vitória do Arsenal, ilustrando a mais velha das máximas do futebol: quem não marca perde. Desta vez, a “vítima” foi Marco Silva que, apesar da derrota, deixa boas indicações dos toffees para o futuro.