O Sporting de Braga é há anos “o melhor de todos os outros”. É há mais de uma década “o quarto grande”. É há várias temporadas um dos grandes fornecedores de jogadores aos três grandes e serve como uma espécie de estágio obrigatório para treinadores destinados a voos maiores (Jesualdo Ferreira, Jorge Jesus, Sérgio Conceição, Leonardo Jardim and so on). O Sporting de Braga tem talvez o departamento de comunicação mais funcional do campeonato português e tem sabido manter por perto aqueles que tanto deram ao clube, como é o caso de Alan. Mas os minhotos têm adiado ininterruptamente a época de consagração. Esta temporada 2018/19, ainda que numa fase embrionária, apresenta todas as condições para ser o ano do Sporting de Braga.

A época nem sequer começou bem, com a eliminação da Liga Europa frente ao modesto Zorya depois de dois empates. O foco bracarense está então completamente virado para o campeonato – Taça de Portugal e da Liga à parte – e é aí que Abel Ferreira pretende fazer aquilo que Domingos Paciência não conseguiu em 2009/10. Naquele ano, o Sp. Braga lutou pelo campeonato até à última jornada e acreditou que, nove anos depois, um clube que não um grande poderia ser campeão (o Boavista foi o último, em 2001). O Benfica de Jesus foi mais forte até ao fim e roubou o sonho aos bracarenses.

Esta temporada, depois de algumas com qualidade inferior, o Sp. Braga volta a apresentar condições para ser um sério candidato ao título. Dyego Sousa, que esta segunda-feira marcou o golo solitário que valeu a vitória frente ao Sporting, é atualmente o melhor marcador do campeonato, com cinco golos. Este é já o melhor ataque do Sp. Braga nos últimos dez anos, com 17 golos em oito jogos, e os minhotos ainda não perderam desde o início da temporada. Dyego Sousa, letal, é a referência ofensiva; Wilson Eduardo e João Novais são os virtuosos de serviço; João Palhinha foi um reforço de peso e cá atrás Marcelo Goiano e Sequeira aparam os golpes que deixam Ricardo Esgaio e Ricardo Horta soltos para incursões ofensivas.

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Mas o principal ativo do Sp. Braga está sentado no banco. Abel Ferreira, antigo lateral direito do Sporting que começou a carreira de treinador precisamente nos juniores e na equipa B dos leões, é um treinador ambicioso e dedicado, com um conhecimento técnico e uma visão estratégica apurada. Trouxe ao Sp. Braga um discurso vencedor, de confiança e de favoritismo, sem laivos de arrogância mas com total noção daquilo de que o plantel, vasto e variado, é capaz.

Há muito a fazer – as transições ofensivas não são perfeitas, o entendimento defensivo é por vezes atabalhoado e a ligação do meio-campo com o ataque deixa a desejar -, mas a verdade é que o Sp. Braga tem equipa para se bater com FC Porto, Benfica e Sporting. É desta?