Os Estados Unidos pediram esta segunda-feira à Rússia para “reconsiderar” a decisão de fornecer à Síria um recente sistema de mísseis antiaéreos S-300, argumentando que provocaria uma “escalada significativa” da violência na região.

“Julgamos que a entrega dos S-300 ao Governo sério significaria uma escalada significativa por parte dos russos e algo que esperamos, caso estejam certas as informações dos media, é que reconsiderem [essa decisão]”, considerou John Bolton, assessor de segurança nacional do Presidente Donald Trump, em declarações aos jornalistas em Nova Iorque.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, também anunciou que pretende abordar este tema durante esta semana, em Nova Iorque, com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov.

A Rússia anunciou esta manhã a decisão de fornecer ao Governo de Damasco modernos sistemas de defesa de mísseis S-300, após o derrube na semana passada de um avião russo pela Síria, num acidente de “fogo amigo”. O avião militar de reconhecimento Il-20 foi abatido pelos sistemas de defesa de mísseis governamentais em reposta a um ataque aéreo israelita. A Rússia acusou Israel, ao referir que os caças israelitas atraíram o avião para a linha de fogo síria.

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“Temos forças americanas na região com as quais nos preocupamos”, disse Bolton. “Os israelitas têm o legítimo direito de autodefesa contra o comportamento agressivo iraniano, e estamos a tentar reduzir as tensões, reduzir a possibilidade de novas e maiores hostilidades. Foi por isso que o Presidente abordou este assunto e é por isso que consideramos um grave erro a introdução dos S-300”, disse. Os céus da Síria, onde potências regionais e internacionais apoiam diversas partes em conflito, encontram-se crescentemente congestionados.

A 17 de setembro, e pouco antes do amanhecer, um ataque aéreo israelita atingiu alvos no interior da Síria, alegadamente impedindo um fornecimento de armas destinado às milícias do Hezbollah, apoiadas pelo Irão e que intervêm no conflito. O avião russo foi abatido na ocasião por mísseis sírios que respondiam à incursão da Força aérea do Estado judaico.

A Rússia desencadeou em 2015 a sua campanha na Síria em apoio ao Presidente Bashar al-Assad, e este envolvimento permitiu uma viragem no conflito, favorável às forças governamentais. No entanto, Moscovo tentou desempenhar uma função de equilíbrio mantendo, em simultâneo, boas relações com o Irão e Israel. Por sua vez, Israel, tem manifestado desconforto devido à crescente influência iraniana na Síria.

Bolton já referiu que os EUA vão manter uma presença militar na Síria até que o Irão deixe de estar ativo neste país. “Não vamos sair enquanto permanecerem tropas iranianas no exterior das fronteiras iranianas e isso inclui os grupos e milícias próximas do Irão”, assegurou.