Alexei Navalny, principal rosto da oposição a Vladimir Putin na Rússia, foi detido esta segunda-feira pela polícia, no momento em que tinha acabado de ser libertado. Navalny esteve a cumprir uma pena de prisão de um mês por ter organizado uma manifestação sem autorização oficial.

A notícia foi inicialmente avançada pela porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh que garantiu que o ativista foi levado para uma esquadra de Moscovo e que estava a ser acusado de violar uma outra lei relacionada com protestos. A emissora alemã Deutsche Welle divulgou entretanto um vídeo do momento da detenção.

Yarmysh e Leonid Volkov, colaborador de Navalny, explicaram entretanto no Twitter que o advogado russo está acusado de violar a lei sobre reuniões em espaços públicos, especificamente no que diz respeito a ter afetado a saúde ou propriedade. “A pena possível é de 20 dias de prisão, mas é claro que estamos perante uma jogada para fabricar um novo caso criminal contra ele“, declarou Volkov, citado pela Radio Free Europe.

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Navalny esteve detido um mês por ter organizado um protesto em janeiro sem autorização oficial. O advogado alega que tudo não passou de um estratagema para que não pudesse participar nas manifestações de nove de setembro contra o aumento da idade da reforma. Esse é um tópico que tem provocado forte contestação entre a sociedade russa: segundo a agência Reuters, desde que o plano foi anunciado, a taxa de popularidade de Putin desceu 15%. De acordo com o Guardian, 150 pessoas foram detidas nas manifestações de setembro.

Para além das recentes detenções, Navalny tem lidado com uma série de processos criminais desde que se tornou o rosto mais popular da oposição ao Presidente russo, na sequência dos protestos de 2011. Nessa altura, várias organizações de direitos humanos como a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional acusaram a Rússia de estar a fabricar uma acusação judicial “por razões políticas”. A União Europeia também afirmou que o caso levantava dúvidas sobre “o Estado de direito na Rússia”. Nas passadas eleições presidenciais, em março, Navalny foi impedido de concorrer.

O episódio mais recente que envolve o ativista é semelhante ao que aconteceu em julho a quatro membros do grupo punk Pussy Riot, que foram detidas novamente no mesmo dia em que foram libertadas. Em causa estavam acusações ligadas ao protesto que protagonizaram durante o Mundial de futebol na Rússia, tendo invadido o campo.

[Veja no vídeo como membros do grupo Pussy Riot foram surpreendidas]