O matemático britânico Michael Atiyah disse esta segunda-feira que tinha encontrado evidências de que a hipótese de Riemann — um dos mais importantes problemas da Matemática — afinal já tinha sido deslindada. No discurso feito no Fórum Laureado de Heidelberg, Michael Atiyah disse ter encontrado “uma simples prova” disso ao estudar John von Neumann e Friedrich Hirzebruch, dois matemáticos do século XX: ao combinar os avanços desses dois cientistas, e assumindo que a hipótese de Riemann não pode ser verdadeira, Michael Atiyah diz ter chegado a uma “contradição lógica” que afinal prova esse problema.

A hipótese de Riemann foi publicada pela primeira vez em 1859 pelo matemático Bernhard Riemann e tem a ver com a distribuição de números primos, que são todos aqueles que só podem ser divididos por eles próprios ou por 1. Há 160 anos que a teoria de Bernhard Riemann continua a assombrar os matemáticos porque ninguém consegue provar que está correta, embora também ninguém consiga dizer que está errada. Se a hipótese de Riemann realmente se confirmar, então os cientistas conseguiriam localizar todos os números primos entre os números naturais — 1, 2, 3 e por aí adiante.

No discurso que fez no Fórum, Michael Atiyah sublinhou que “parece milagroso” mas “todo o trabalho foi feito há 70 anos”, como se ele só tivesse juntado um e um. A lógica de Michael Atiyah não convence completamente os outros matemáticos: à New Scientist, Nicholas Jackson, matemático da Universidade de Warwick, disse que “a hipótese de Riemann é um problema notoriamente difícil”, tanto que “muitos outros matemáticos de alto nível quase conseguiram, mas só quase, provar isso ao longo dos anos, apenas para uma falha subtil na prova tornar tudo aparente”.

O matemático britânico respondeu aos críticos no Fórum: “Resolva a hipótese de Riemann e tornar-se-á famoso. Se já for famoso, então tornar-se-á infame. Ninguém acredita em qualquer prova da hipótese de Riemann porque é ela tão difícil. Ninguém a provou, então porque é que alguém deveria prová-la agora? A menos, claro, que se tenha uma ideia totalmente nova”. E acrescentou: “Esta ideia caiu-me ao colo e eu tive de lhe pegar. As pessoas dizem que os matemáticos fazem o melhor que sabem até aos 40 anos. Eu quero mostrar que estão errados, que posso fazer algo quando tenho 90 anos”.

Se estiver correto, Michael Atiyah pode ganhar um milhão de dólares do Clay Mathematics Institute, um instituto de divulgação de conhecimento científico que oferece esse valor a quem resolver um de seis problemas matemáticos listados por ele. O prémio pode juntar-se a dois prémios equivalentes a um Nobel da Matemática (medalha Fields e Prémio Abel) e ao título de presidente do London Mathematical Society, da Real Sociedade de Londres para o Melhoramento do Conhecimento Natural e da Sociedade Real de Edimburgo.

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