A Organização de Supervisores da Publicidade na Suécia criticou Bahnhof, uma companhia de Estocolmo, por ter usado um même publicitário que consideram sexista e que já se tornou bastante popular. A imagem do “namorado distraído” traduz-se numa fotografia com um rapaz virado para trás a olhar com admiração para uma rapariga que passa por ele, no sentido contrário, sendo que ele está acompanhado pela namorada, que, por sua vez, fica indignada com a situação.

På jakt efter ett nytt jobb? Just nu letar vi efter säljare, drifttekniker och en skillad webbdesigner. Kolla in vår sida med lediga tjänster här: https://www.bahnhof.se/om/karriar

Posted by Bahnhof on Wednesday, April 4, 2018

O uso da imagem gerou uma grande polémica nas redes sociais, na medida em que foi considerada sexista. O serviço de internet sueco Bahnhof usou o même para um anúncio de oferta de emprego; na ação pretendida, o rapaz estaria a virar-se de costas para o seu atual local de trabalho para olhar para um novo emprego na Bahnhof.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Contudo, os supervisores identificam ali estereótipos que lá estão presentes, para todo o efeito, segundo os supervisores de publicidade na Suécia e muitas das pessoas que se indignaram com o anúncio. Também conhecido como “O rapaz a olhar para outra rapariga”, do fotógrafo espanhol Antonio Guillem, este foi eleito, em abril de 2017, o même do ano e gerou alarido tanto na música como na política. Chegou a receber perto de 1000 comentários.

Os supervisores de publicidade na Suécia afirmaram ser “discriminação de género”, devido ao facto de a mulher ser vista como algo que se pode trocar por outra coisa e um “objeto de sexo”, como se apenas interessasse o seu aspeto físico, expondo o estereótipo de que o homem a vê sempre dessa forma.

Nas páginas do Facebook e do Instagram do serviço da Bahnhof caíram uma série de comentários a criticar o anúncio, que foi posteriormente reportado ao Serviço de Supervisores da Publicidade (Sweden’s Advertising Ombudsman), entidade que regula a indústria publicitária. No entanto, como a entidade é auto-reguladora, não pode impor sanções, mas apenas criticar.

De acordo com este comité, o cariz da denúncia foi reforçado pelo facto de a mulher ser designada como a representante do “local de trabalho” e o homem, o recetor do anúncio, é visto individualmente. Alguns dos revisores envolvidos no julgamento da imagem afirmaram ser um estereótipo “degradante”, tanto para a mulher como para o homem. “É como se o homem pudesse mudar de parceira da mesma maneira que muda de trabalho”, segundo consta no julgamento.

A empresa Bahnhof, por sua vez, afirmou que o seu único intuito foi “mostrar que a companhia é uma empregadora atrativa” e que pode chegar a toda a gente, num comunicado assinado pela responsável de comunicação Anya Alenberg e pelo presidente executivo Jon Karlung.

“Toda a gente que segue a internet e a cultura dos mêmes sabe que o même é usado e interpretado. Nós somos uma companhia da internet e estamos familiarizados com isso, bem como aqueles que procuram um trabalho connosco, pelo que esse é o nosso grupo-alvo”, continua o comunicado, dizendo ainda que se devem realmente ser punidos, é por usarem uma imagem antiga e ‘gasta’.

No dia seguinte à publicação da imagem original, a companhia publicou diversas versões daquele même para provar que o género masculino ou feminino não era uma parte relevante da mensagem que eles queriam transmitir, onde as ‘personagens’ chegaram a ser substituídas por animais.

Enquanto a Suécia está, frequentemente, no topo dos rankings mundiais de igualdade de género, em 2016 um estudo concluiu que o país é um dos países nórdicos piores no combate a publicidade sexista. Este ano, o Conselho Municipal de Estocolmo votou para impedir a divulgação de anúncios que pudessem ser considerados sexistas ou humilhantes, quando afixados nos locais públicos da cidade.