Há uma quarta mulher a acusar Brett Kavanaugh, candidato de Donald Trump para o Supremo Tribunal, de abuso sexual. Durante os anos 80 e 90, alega a mulher, o juiz do Tribunal de Apelações participou em violações em grupo: a mulher terá sido drogada e violada por vários homens, inclusivamente por Brett Kavanaugh. Noutra ocasião, ele terá empurrado a mulher de forma “muito agressiva e sexual” depois de sair de um bar. Estas últimas acusações chegaram na véspera de o juiz ser ouvido sobre os casos no comité judiciário do Senado dos Estados Unidos. E de Christine Blasey Ford, a primeira mulher que denunciou Kavanaugh, desvendar aquilo que vai dizer perante o Senado sobre o ataque.

Ainda antes do testemunho desta quarta mulher, Brett Kavanaugh disse estar inocente. “Bebia cerveja com amigos durante os fins de semana. Às vezes muitas. Em retrospetiva, disse e fiz coisas no secundário que me deixam envergonhado agora”, confessou. Mas depois defendeu-se: “Nunca fiz nada que remotamente se parecesse com o que a doutora Ford descreve. São calúnias pura e simplesmente tiradas do nada”. E acrescentou: “Não serei intimidado para me retirar deste processo. Esse esforço para destruir o meu bom nome não me fará perder a cabeça. As terríveis ameaças de violência contra a minha família não me farão perder a cabeça”.

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Entretanto, Christine Blasey Ford também se prepara para testemunhar no Senado. Dirá que nunca esquecerá o dia em que foi abusada sexualmente por Kavanaugh há 36 anos na casa onde decorria uma festa em 1982: “Não tenho todas as respostas e não me lembro das coisas tanto quanto gostaria. Mas são os detalhes sobre aquela noite que me trazem aqui hoje são aqueles que eu nunca esquecerei”, desvendam documentos enviados à imprensa na quarta-feira.

Nesses documentos, Ford vai dirigir-se a Kavanaugh como “o rapaz que abusou sexualmente de mim”. No Senado, Christine Blasey Ford também vai revelar alguns pormenores sobre esse abuso sexual.

Sobre isso, Ford dirá: “Pensei que ele me ia violar. Estou aqui hoje não porque quero estar. Estou apavorada. Estou aqui porque acredito que é meu dever cívico dizer-vos o que aconteceu comigo enquanto Brett Kavanaugh e eu estávamos no secundário”.

Segundo as descrições de Christine Blasey Ford, Brett Kavanaugh empurrou-a para cima de uma cama e deitou-se em cima dela para a impedir de se levantar com o peso do corpo. Depois tapou-lhe a boca com a mão para lhe abafar os gritos enquanto Kavanaugh e um amigo, que estaria no mesmo quarto, “riam às gargalhadas”. A certa altura, Christine Blasey Ford conseguiu libertar-se de Kavanaugh e escondeu-se na casa de banho do quarto até os dois irem embora. Esse amigo seria Mark Judge, que negou testemunhar a favor de Kavanaugh no Senado mas que diz não se lembrar desse caso, nem de rever o juiz nesses comportamentos.

A segunda mulher a denunciar Kavanaugh foi Deborah Ramírez, ex-companheira do juiz, que descreveu um cenário semelhante ao revelado por Christine Blasey Ford. A terceira mulher, Julie Swetnick, descreveu: “Durante o incidente fiquei incapacitada sem o meu consentimento e não pude lutar contra os rapazes que me violaram. Acho que eu fui drogada com Quaaludes [um sedativo] ou algo similar deitado dentro da bebida que estava a tomar”. Nunca disse que um desses rapazes era Kavanaugh, mas afirmou que o via “sempre excessivamente bêbado e a fazer contactos sexuais inapropriados com mulheres”. A identidade da quarta mulher ainda não foi revelada.