“Clube dos Bilionários”

A crise económico-financeira e os excessos especulativos ilegais ou desastrosos das últimas décadas têm dado pano para mangas no cinema, entre ficções e documentários. Este “Clube dos Bilionários”, de James Cox, é uma entrada tardia neste subgénero, e não é grande espingarda. Desenxabida, estereotipada e previsível, a fita baseia-se em acontecimentos dos anos 80, quando um clube formado por jovens e ricos investidores de Los Angeles, e criado por dois amigos da classe média em busca de riqueza e ascensão social, acabou em tribunal, por fraude e homicídio. Kevin Spacey tem aqui aquele que foi o seu último papel no cinema antes de cair em desgraça em Hollywood, e no mundo do entretenimento, já que “Gore”, de Michael Hoffman, onde interpreta o escritor Gore Vidal, teve a estreia bloqueada pela produtora, a Netflix. Malhas sinistras que o #metoo e o politicamente correcto tecem.

“Agora Estamos Sozinhos”

Os filme de ambiência pós-apocalíptica podem ser bisarmas dispendiosas como “Waterworld”, de Kevin Reynolds, ou miniaturas de baixíssimo orçamento, como “Um Rapaz e o seu Cão”, de L.Q. Jones. “Agora Estamos Sozinhos”, de Reed Morano, pertence a este segundo grupo. Aquilo que parece ser uma epidemia global matou quase toda a gente, menos a lacónica personagem de Peter Dinklage, que em vez de ir ver o que sucedeu no resto dos EUA, fica na sua cidadezinha a enterrar os mortos e limpar as suas casas, e a trabalhar na biblioteca como se nada se tivesse passado. Até que um dia aparece outra sobrevivente, jovem e faladora (Elle Fanning). A primeira parte da fita é intrigante e conseguida, e com algum humor negro, mas a segunda, que tira as personagens do sítio e introduz um desastrado e nada convincente elemento distópico, é completamente falhada e desemboca numa conclusão convencional.

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“Mandy”

Nicolas  Cage é o principal intérprete desta alucinante e febril fita fantástica de Pan Cosmatos, feita ao estilo das séries B dos anos 70 e 80, e agregando elementos dos “biker movies”, dos filmes de vingança e de terror sobrenatural ligado ao oculto, e do filme “psicadélico”. Cage é Red Miller, um madeireiro que vive com a mulher, Mandy, numa casa no meio dos bosques, algures no interior profundo dos EUA. Uma noite, Mandy é raptada por uma seita cujo amoral líder ficou fascinado por ela, e convocou dos infernos quatro “bikers” demoníacos para o ajudarem a levá-la. Mas Red fica vivo e a sua vingança vai ser sem quartel. “Mandy” foi escolhido como filme da semana pelo Observador, e pode ler a crítica aqui.