O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros britânico pede a Theresa May que abandone a proposta de acordo com a União Europeia para o Brexit — também conhecido como “plano chequers” –, substituindo-o por um acordo semelhante ao que a UE aceitou estabelecer com o Canadá, em 2016.

Num artigo de opinião publicado no The Telegraph, com o título “O meu plano para um melhor Brexit”, Boris Johnson defende que “este é o momento para mudar o curso das negociações e fazer justiça às ambições e potencialidades do Brexit”. O ex-ministro é especialmente crítico do “Chequers”, que considera ser “vassalagem forçada” e que “deveria ser inaceitável para qualquer país democrático”. “Se seguirmos em frente com a Chequers, estaremos a expor toda a economia do Reino Unido a regulamentações que podem ser projetadas – e a pedido de concorrentes continentais – para dificultar a vida de empreendedores e inovadores do Reino Unido”, considera o homem que é considerado o conservador melhor colocado para suceder a May.

O plano para a “nova relação”, escreve mesmo, “não deve ser o Chequers, mas um acordo de livre comércio, pelo menos tão profundo como aquele que a UE concluiu recentemente com o Canadá” (que denomina “Super Canadá”). Johnson defende como “lógico” que esse acordo envolva, à cabeça, “taxas zero e quotas zero em todas as importações e exportações entre o Reino Unido e os 27 países”. O acordo proposto pelo ex-MNE também deve consagrar, por exemplo, o envolvimento dos órgãos reguladores das duas partes, para garantir a qualidade dos produtos e assegurar que seguem os padrões tanto do Reino Unido como da União Europeia.

No plano político, o acordo proposto por Boris Johnson pretende estabelecer “uma cooperação intergovernamental ampla e íntima entre o Reino Unido e os amigos da UE em muitos outros assuntos de interesse mútuo: segurança, luta contra o terrorismo, política externa e cooperação no domínio da defesa”.

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“As próximas semanas são críticas. Se continuarmos no caminho atual, eu tenho medo de trair séculos de progresso”. O aviso é relativo ao plano que considera torto desde início:  “Desde o início, o governo britânico evidenciava fraqueza — uma relutância em tomar qualquer tipo de ação”. E esse “nervosismo básico”, escreve, “foi logo detetado pelos parceiros”, que “perceberam que tinham um caminho para a eventual vitória nas negociações”.

O resultado foi um plano que considera conciliar “o pior de dois mundos”,  que é “uma humilhação moral e intelectual” para o Reino Unido e que “engana o eleitorado”. Uma posição forte — que não é nova — vincada em vésperas da conferência dos conservadores, em Birmingham.

De acordo com o calendário do Brexit a 29 de março do próximo ano, com as duas partes a negociarem ainda as condições da saída da União Europeia que foi decidida no referendo de 2016. O plano terá de ser aprovado pelo Parlamento britânico onde Theresa May tem também enfrentado muitas críticas.