Dez anos depois, Real Madrid e Atl. Madrid encontraram-se sem a presença de Cristiano Ronaldo. Mais: encontraram-se sem a presença de qualquer português na convocatória, já que Gelson Martins ficou fora dos escolhidos de Diego Simeone devido a problemas físicos. Na antevisão, o treinador do Atl. Madrid até elogiou o rival da capital espanhola e considerou que o processo de saída de Ronaldo foi bem tratado. Do outro lado, Lopetegui sabia que ia subir ao relvado do Santiago Bernabéu com a possibilidade de agarrar a liderança isolada do campeonato em caso de vitória, já que o Barcelona tinha empatado com o Atl. Bilbau em Camp Nou.

Mas o dérbi de Madrid era também o reencontro de Thibaut Courtois, o guarda-redes contratado pelo Real Madrid ao Chelsea durante a janela de transferências de verão, com o Atl. Madrid, o clube que representou em mais de 150 jogos durante três temporadas emprestado pelos blues. E o reencontro foi com toda a certeza bastante mais feliz para o guardião belga: logo aos 19 minutos, Griezmann descobriu espaço nas costas da defesa merengue e ficou cara a cara com Courtois. Ganhou o guarda-redes, que evitou o primeiro do Atl. Madrid com a cabeça. Dois minutos depois, era a vez de Kroos de bater um livre de forma notável e colocar a bola no sítio certo para ser desviada ao segundo poste. Bale apareceu, rematou mas a bola passou ao lado – Oblak só conseguia defender com os olhos.

Numa primeira parte em que nenhuma das equipa foi necessariamente superior, o Real Madrid rematou e atacou mais, teve mais posse de bola e mostrou mais vontade de ganhar o jogo. Ainda assim, os merengues sentiram falta das investidas ofensivas de Marcelo, o lateral brasileiro que está lesionado, que Nacho, apesar de competente, não consegue replicar. Depois do descanso, uma substituição surpreendente da parte de Lopetegui: tirou Gareth Bale para colocar Dani Ceballos, um médio.

A segunda parte pouco trouxe. Lemar não conseguiu mostrar serviço e Benzema fez com que os adeptos presentes no Santiago Bernabéu se esquecessem por momentos de que estava em campo. A melhor oportunidade pertenceu a Marco Asensio, que recebeu um passe fantástico de Kroos e surgiu em boa posição para finalmente desbloquear o marcador. Mas Oblak não quis ficar em desvantagem e respondeu à defesa de Courtois na primeira parte com outra intervenção de igual qualidade. O Real Madrid foi melhor na segunda parte, atacou mais, diminuiu o Atl. Madrid ao seu meio campo defensivo e Lopetegui mostrou mais vontade de ganhar – principalmente quando a poucos minutos do final tirou Benzema, que passou ao lado do jogo, e colocou Vinícius, na estreia absoluta do brasileiro de 18 anos no futebol europeu, o primeiro nascido em 2000 a jogar com a camisola dos merengues.

93 minutos depois do apito inicial, o dérbi de Madrid terminou sem golos. O primeiro dérbi em dez anos sem Cristiano Ronaldo em campo teve pouca qualidade, poucas oportunidades de golo, pouca magia daquela a que a liga espanhola nos habituou. E a cinco minutos do final, o Santiago Bernabéu cantava “Ronaldo! Ronaldo!”.

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