O Benfica vai requerer a abertura de instrução no processo conhecido como E-toupeira. A decisão foi confirmada à TSF por Paulo Saragoça da Matta, um dos três advogados que reforçaram, recentemente, o departamento jurídico da Luz. Esse pedido estará já a ser preparado e visa levar o caso perante um juiz, numa espécie de pré-julgamento. Caberá, depois, ao magistrado decidir se confirma os crimes pelos quais os arguidos estão acusados ou se faz cair o processo, sem que seja feito o julgamento propriamente dito.

Benfica e Paulo Gonçalves acusados no caso e-toupeira. Clube arrisca suspensão que pode ir de 6 meses a 3 anos

Além do Benfica, outras três pessoas respondem por corrupção. Entre elas, Paulo Gonçalves, antigo braço direito de Luís Filipe Vieira. A acusação foi conhecida no início de setembro. Na tese do ministério público, “os arguidos com a qualidade de funcionários de justiça, pelo menos desde Março de 2017, acederam a processos-crime pendentes no DIAP de Lisboa e do Porto e em outros tribunais, transmitindo as informações relevantes ao arguido colaborador da SAD, fazendo-o de acordo com a solicitação do mesmo e em benefício da mesma sociedade”. Os mesmos processos “tinham por objeto investigações da área do futebol ou de pessoas relacionadas com este meio, ou de clubes adversários, seus administradores ou colaboradores”.

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Toupeira acedeu mais de 600 vezes a processos criminais em segredo para ajudar o Benfica

A alegada “toupeira” do Benfica na justiça — um funcionário judicial — terá acedido mais de 600 vezes a processos com interesse para o clube de Luz, em que o Benfica e seus representantes e funcionários eram visados, assim como com autos relacionados com os adversários Sporting e Porto. Diz o Ministério Público que “uma vez na posse de tais informações, pretendiam Paulo Gonçalves e Benfica SAD antecipar diligências processuais em que seria visada a Benfica SAD e seus membros ou obter informações sobre adversários ou ainda informações antecipadas de decisões judiciais”— tudo em benefício da Benfica Futebol SAD, lê-se na acusação.

A TSF avança também que João Correia vai deixar de ser advogado do clube, depois de, há uma semana, ter ficado a saber-se que o departamento jurídico tinha sido reforçado com três dos principais criminalistas do país: João Medeiros que, entre muitos outros casos, é advogado de António Mexia no processo da EDP; Paulo Saragoça da Matta, advogado de Lalanda Castro, ex-líder da farmacêutica Octapharma e ex-patrão de José Sócrates; e Rui Patrício, advogado de Hélder Bataglia e Manuel Vicente, ex-vice-presidente de Angola.

Benfica contrata três dos principais criminalistas do país para nova equipa jurídica