Os Estados Unidos e o Canadá chegaram a acordo sobre a revisão do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) na noite de domingo, noticiaram os meios de comunicação social canadianos. A rede de televisão CTV disse que nas próximas horas vai ser divulgado um comunicado conjunto sobre a revisão do NAFTA que deverá inclusivamente mudar de nome para USMCA — acrónimo que junta os países Estados Unidos-México-Canadá.

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, convocou uma reunião de emergência no domingo à noite em Otava, duas horas antes de terminar o prazo estabelecido por Washington para se chegar a um acordo. No final de agosto, o Presidente do EUA, Donald Trump anunciou, a partir do Salão Oval da Casa Branca, a conclusão de “um bom acordo” comercial com o México, no quadro da revisão do NAFTA.

O documento, com um total de 34 capítulos, e que pode ser consultado online, envolve mais de um bilião de euros em trocas comerciais durante os próximos 16 anos, sendo que está prevista uma primeira revisão a seis anos. Donald Trump, que tem dado especial destaque à revisão deste acordo com o país vizinho, considerou que o compromisso conseguido com Justin Trudeau é “magnífico” — e tratou de partilhar o seu contentamento no Twitter.

O até agora conhecido como Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA na sigla em inglês) é um tratado comercial integrado pelo México, Canadá e Estados Unidos desde 1994 e, agora, decorre uma renegociação do acordo. O executivo canadiano tinha assumido que preferia juntar-se à mesa de discussões após a resolução dos diferendos que separavam os Estados Unidos e o México, diferendo que acabou ultrapassado — os dois países, juntamente com o México, acabaram por se entender e chegar a um primeiro acordo de alteração do NAFTA.

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Um “negócio histórico” negociado até ao último minuto

Desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2017, Trump caracterizou o NAFTA como um acordo “desastroso” para os Estados Unidos. O novo acordo, de acordo com o documento divulgado às primeiras horas desta segunda-feira, 1 de outubro, envolvem acordo para a exportação de bens industriais e automóveis canadianos para os Estados Unidos. Um entendimento que protege as empresas de qualquer tipo de taxas de importação (como as que têm sido aplicados por Trump a produtos oriundos de outras geografias) e ainda possibilita, no caso da indústria automóvel, que a produção de componentes e acessórios possa ser feita em algumas zonas onde se paga 16 dólares por hora.

O acordo, cujas negociações já duravam há um ano, foi conseguido nas últimas horas de domingo e já perto de se esgotar o deadline para se conseguir um entendimento entre os três parceiros americanos. Falhado esse prazo sem um acordo, o Canadá sairia do acordo. Isto depois de uma semana agitada, com os negociadores dos três países a tentarem chegar a um entendimento através de múltiplos telefonemas. Do lado da Casa Branca, o genro do Presidente, Jared Krushner, foi um dos envolvidos nas conversas ao lado de Robert Lighthizer, representante dos EUA para o Comércio. Agora que há um acerto entre Trump e Trudeau, o presidente norte-americano vê uma das suas promessas eleitorais (revisão do NAFTA) cumprida.

Este “negócio histórico”, como apelidou Donald Trump no final das conversações este domingo, são valorizadas por Robert Lighthizer e Chrystia Freeland, ministra dos Negócios Estrangeiros canadiana, num comunicado conjunto.

“Isto vai fortalecer a classe média e criar empregos bons e bem pagos, bem como novas oportunidades para quase 500 milhões de pessoas que chamam ‘casa’ à América do Norte”.

O novo plano — já com a nova designação — vai agora ser avaliado e ratificado pelos respetivos governos entidades parlamentares, podendo ainda ser sugeridas alterações ao documento. No caso dos EUA, essa revisão tem um período limite de 60 dias. Recorde-se que México e Canadá são os principais mercados de exportação das empresas norte-americanas, pelo que nas últimas semanas foram várias as vozes que alertaram para o “erro tremendo” que seria excluir o Canadá de um acordo comercial como este.