Os Estados Unidos e o Canadá chegaram a acordo sobre a revisão do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) na noite de domingo, noticiaram os meios de comunicação social canadianos. A rede de televisão CTV disse que nas próximas horas vai ser divulgado um comunicado conjunto sobre a revisão do NAFTA que deverá inclusivamente mudar de nome para USMCA — acrónimo que junta os países Estados Unidos-México-Canadá.
O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, convocou uma reunião de emergência no domingo à noite em Otava, duas horas antes de terminar o prazo estabelecido por Washington para se chegar a um acordo. No final de agosto, o Presidente do EUA, Donald Trump anunciou, a partir do Salão Oval da Casa Branca, a conclusão de “um bom acordo” comercial com o México, no quadro da revisão do NAFTA.
O documento, com um total de 34 capítulos, e que pode ser consultado online, envolve mais de um bilião de euros em trocas comerciais durante os próximos 16 anos, sendo que está prevista uma primeira revisão a seis anos. Donald Trump, que tem dado especial destaque à revisão deste acordo com o país vizinho, considerou que o compromisso conseguido com Justin Trudeau é “magnífico” — e tratou de partilhar o seu contentamento no Twitter.
Late last night, our deadline, we reached a wonderful new Trade Deal with Canada, to be added into the deal already reached with Mexico. The new name will be The United States Mexico Canada Agreement, or USMCA. It is a great deal for all three countries, solves the many……
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 1, 2018
….deficiencies and mistakes in NAFTA, greatly opens markets to our Farmers and Manufacturers, reduces Trade Barriers to the U.S. and will bring all three Great Nations together in competition with the rest of the world. The USMCA is a historic transaction!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 1, 2018
O até agora conhecido como Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA na sigla em inglês) é um tratado comercial integrado pelo México, Canadá e Estados Unidos desde 1994 e, agora, decorre uma renegociação do acordo. O executivo canadiano tinha assumido que preferia juntar-se à mesa de discussões após a resolução dos diferendos que separavam os Estados Unidos e o México, diferendo que acabou ultrapassado — os dois países, juntamente com o México, acabaram por se entender e chegar a um primeiro acordo de alteração do NAFTA.
Um “negócio histórico” negociado até ao último minuto
Desde que chegou à Casa Branca, em janeiro de 2017, Trump caracterizou o NAFTA como um acordo “desastroso” para os Estados Unidos. O novo acordo, de acordo com o documento divulgado às primeiras horas desta segunda-feira, 1 de outubro, envolvem acordo para a exportação de bens industriais e automóveis canadianos para os Estados Unidos. Um entendimento que protege as empresas de qualquer tipo de taxas de importação (como as que têm sido aplicados por Trump a produtos oriundos de outras geografias) e ainda possibilita, no caso da indústria automóvel, que a produção de componentes e acessórios possa ser feita em algumas zonas onde se paga 16 dólares por hora.
O acordo, cujas negociações já duravam há um ano, foi conseguido nas últimas horas de domingo e já perto de se esgotar o deadline para se conseguir um entendimento entre os três parceiros americanos. Falhado esse prazo sem um acordo, o Canadá sairia do acordo. Isto depois de uma semana agitada, com os negociadores dos três países a tentarem chegar a um entendimento através de múltiplos telefonemas. Do lado da Casa Branca, o genro do Presidente, Jared Krushner, foi um dos envolvidos nas conversas ao lado de Robert Lighthizer, representante dos EUA para o Comércio. Agora que há um acerto entre Trump e Trudeau, o presidente norte-americano vê uma das suas promessas eleitorais (revisão do NAFTA) cumprida.
Este “negócio histórico”, como apelidou Donald Trump no final das conversações este domingo, são valorizadas por Robert Lighthizer e Chrystia Freeland, ministra dos Negócios Estrangeiros canadiana, num comunicado conjunto.
“Isto vai fortalecer a classe média e criar empregos bons e bem pagos, bem como novas oportunidades para quase 500 milhões de pessoas que chamam ‘casa’ à América do Norte”.
O novo plano — já com a nova designação — vai agora ser avaliado e ratificado pelos respetivos governos entidades parlamentares, podendo ainda ser sugeridas alterações ao documento. No caso dos EUA, essa revisão tem um período limite de 60 dias. Recorde-se que México e Canadá são os principais mercados de exportação das empresas norte-americanas, pelo que nas últimas semanas foram várias as vozes que alertaram para o “erro tremendo” que seria excluir o Canadá de um acordo comercial como este.