As últimas eleições autárquicas realizaram-se há precisamente um ano – a 1 de outubro de 2017. Um pouco por todo o país, o PS cantava vitória enquanto o PSD lambia feridas e começava um processo de redefinição interna. Em Matosinhos o cenário não foi muito diferente daquele que se registou a nível nacional. Embora sem maioria absoluta, os socialistas venceram as eleições naquele município. O resultado só não foi melhor porque houve dois independentes que apareceram para estragar a festa: Narciso Miranda e António Parada, através do movimento SIM.

Se há um ano esta era uma das autarquias que mais curiosidade suscitavam entre os analistas, agora, a três anos das próximas eleições, é a primeira a mexer politicamente. O responsável é um rosto conhecido dos matosinhenses: Joaquim Jorge, fundador do Clube dos Pensadores e um quase-candidato às autárquicas de 2017 – como o próprio explica no seu livro “Candidato que Não Chegou a Sê-lo”, onde relata como o PSD, através de Marco António Costa, boicotou a sua candidatura.

Joaquim Jorge lança livro sobre candidatura falhada a Matosinhos e culpa Marco António

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Cansado de ver “sempre os mesmos partidos” a tomar as rédeas da política portuguesa e de identificar uma tendência “abstencionista cada vez maior”, Joaquim Jorge decidiu fundar o movimento Matosinhos Independente para concorrer às próximas eleições autárquicas, em 2021. O lançamento público acontece no dia 6 de outubro, no SEA Porto Hotel, em Matosinhos, por volta das 17 horas.

Em declarações ao Observador, revela que o objetivo principal é o de trazer “os matosinhenses para a política”, através de uma campanha que sensibilize os eleitores em geral e os “abstencionistas em particular”. “O continuismo é a maior e mais perigosa ameaça para a política portuguesa”, explica. Logo, entende, é necessário “que cada um faça a sua parte” e, neste caso, entende a melhor forma de dar esse contributo é “através de uma candidatura independente à Câmara Municipal de Matosinhos”.

“Já me perguntaram se quero ser o Rui Moreira de Matosinhos. Não é essa a intenção: quero ser o Joaquim Jorge de Matosinhos. Mas claro que prefiro essa comparação a outras que pudessem fazer”, afirma. Prefere ser comparado ao autarca portuense por se tratar de um independente, mas quer ter voz própria.

Ambicioso, não gosta de ser visto como alguém de segunda linha. “A política precisa de novas caras e novos estilos de liderança”, mas para isso as alternativas “devem ser sólidas”, defende. A antecedência com que vai anunciar a sua candidatura deve-se ao facto de querer “disputar as eleições para vencer, algo que precisa do dobro do trabalho quando não se pertence a nenhum partido político”, justifica. Apesar de querer ganhar, sabe as dificuldades que vai ter pelo caminho. Algo que não lhe tira a confiança. “Quero vencer as eleições”, repete.

Ao longo destes três anos, quer “ouvir os matosinhenses” e preparar uma candidatura “que responda verdadeiramente aos seus anseios”, incluindo no seu programa ideias que venham dos próprios munícipes.

O movimento já tem um site – “que demorou quase um ano a preparar”, conta o fundador do Clube dos Pensadores – e algumas propostas, como a criação da figura do provedor do cidadão, uma aposta na prevenção da saúde para “não sobrecarregar o SNS” ou a de alargar a limitação de mandatos a todos os membros dos executivos camarários – sendo que esta última não se insere nas competências de um autarca.

Até ao momento, garante, as reações dos que vão conhecendo o movimento “têm sido extraordinárias”. Um capital inicial que o motiva a continuar. No próximo sábado, além da apresentação pública do Matosinhos Independente, Joaquim Jorge fará ainda uma análise ao primeiro ano deste mandato socialista.