O militar que estava em missão na República Centro Africana, o nono suspeito na Operação Húbris — que investigou a recuperação do material de guerra furtado de Tancos — já aterrou em Lisboa, tendo sido detido de imediato e levado para as instalações da Polícia Judiciária. Sendo constituído arguido, o major Vasco Brazão terá de ser agora presente a um juíz de instrução. Mas é pouco provável que seja ouvido ainda esta segunda-feira, devendo por isso passar a noite na prisão Militar de Tomar.

O ex-porta-voz da PJ Militar chegou a Lisboa a bordo de um voo da TAP. Assim que saiu do avião foi levado para o aeroporto de Figo Maduro e, a partir dali, encaminhado para as instalações da PJ acompanhado por inspetores desta polícia.

Brazão é o nono arguido na investigação que a Polícia Judiciária conduziu para apurar os contornos da recuperação do material furtado em junho do ano passado e que seria recuperado pela PJ Militar em outubro. Nessa operação, que inspetores da PJ Militar conduziram de forma autónoma, Vasco Brazãovoz foi o militar que recebeu uma suposta denúncia anónima que levaria à recuperação do material.

De acordo com a investigação da PJ civil, esse telefonema terá sido encenado pela cúpula da PJ Militar, numa tentativa de chegar ao material sem que a PJ tivesse qualquer intervenção.

No final da semana passada, o diretor da PJ Militar — detido na terça-feira passada juntamente com três inspetores da PJM, três militares da GNR e um civil — ficou em prisão preventiva (tal como o civil). Os outros seis arguidos ficaram em liberdade, ainda que afastados de funções e impedidos de contactar os restantes envolvidos no processo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Inspetor da Polícia Judiciária Militar está “arrependido mas de consciência tranquila”

A expectativa com a chegada de Vasco Brazão prende-se com o depoimento que o ex-porta-voz da PJ Militar vai prestar em tribunal. Este fim de semana, o major disse que estava “arrependido, mas de consciência tranquila” com a forma como o processo foi conduzido. O major também recorreu ao Facebook para ilibar as chefias do Exército, depois de ter sido noticiada uma conversa entre Brazão e o diretor da PJ Militar que invocada o Chefe do Estado-Maior do Exército e o interesse que o general Rovisco Duarte teria em que fosse a PJ Militar, e não a civil, a recuperar o material.