A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que, após o ‘Brexit’, o Reino Unido terá, pela primeira vez em décadas, o controlo da imigração, adiantando que reduzirá a entrada de trabalhadores pouco qualificados. Em entrevista à BBC, em Birmingham, onde decorre o congresso anual dos conservadores, May adiantou que o seu país adotará um novo sistema de vistos que privilegiará a formação dos trabalhadores imigrantes em vez do país de origem.

“O novo sistema, baseado na qualificação, assegurará que se reduz a imigração de pessoas pouco preparadas e que o Reino Unido inicia o caminho de uma redução da imigração para níveis sustentáveis, como prometemos”, disse.

A chefe do Governo de Londres acrescentou que, simultaneamente, irá “preparar-se a população britânica para os empregos qualificados do futuro”.

Os planos do Governo são uma resposta às recomendações do Comité de Aconselhamento sobre Migrações, estimando o Executivo apresentar, nos próximos meses, um livro branco detalhando a forma de funcionamento do novo sistema de vistos, que entre outras questões, prevê a possibilidade de verificação de antecedentes criminais dos imigrantes.

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Teresa May lembrou que, no referendo de 2016, “os britânicos votaram a favor de deixar a União Europeia e de assumir novamente o controlo sobre as suas fronteiras”. “Quando sairmos, adotaremos um novo sistema de imigração que acabará com a livre circulação de uma vez por todas. Será um sistema que atrairá as pessoas preparadas de que precisamos”, afirmou.

A primeira-ministra conservadora descartou a possibilidade de realização de eleições antecipadas ou de um referendo sobre o acordo que vier a ser alcançado entre o Reino Unido e a União Europeia (UE). “Não serve o interesse nacional realizar eleições gerais. Os eleitores votaram em 2016. As pessoas votaram para deixar a UE”, insistiu May, depois de, nos últimos dias, a imprensa britânica ter levantado a possibilidade de eleições antecipadas perante a incerteza nas negociações sobre o “Brexit”.

Criticou também a oposição, depois de o Partido Trabalhista ter admitido a possibilidade de apoiar um novo referendo. “O Partido Trabalhista tem de deixar de jogar com a política e começar a atuar a favor do interesse nacional. Vimos o Partido Trabalhista dizer que, basicamente, não aceitará nenhum acordo que [o Governo] traga da UE, independente de quão positivo seja para o Reino Unido”.

Teresa May discursará quarta-feira no congresso do Partido Conservador, encerrando a reunião anual do partido no poder no Reino Unido. Hoje discursará no congresso, que decorre no Centro Internacional de Conferências de Birmingham, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo autarca de Londres, Boris Johnson, que tem sido muito crítico das negociações do Governo com a União Europeia.

O discurso de Boris Johnson está a gerar grande atenção da comunicação social perante a possibilidade de que o antigo chefe da diplomacia do Reino Unido se apresentar como alternativa à liderança do partido.

Questionada pela BBC, Teresa May escusou comentar, adiantando estar concentrada nas oportunidades que se apresentam ao país após a saída da UE, agendada para 2019.