O Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) da polícia moçambicana anunciou esta quarta-feira que há 10 suspeitos no caso de homicídio, há um ano, de Mahamudo Amurane, presidente do Conselho Municipal de Nampula, principal cidade do Norte do país.

A informação foi prestada um dia antes de se completar um ano sobre o homicídio, sem que, até agora, tenham sido conhecidos desenvolvimentos na investigação.

Os 10 indiciados aguardam pelo desenrolar do processo para saber se vão ser acusados ou não pelo Ministério Público e estão em liberdade, referiu Leonardo Simbine, chefe do departamento de relações públicas do Sernic, em conferência de imprensa. A polícia de investigação remeteu esta quarta-feira o processo à Procuradoria-Geral de Nampula, acrescentou.

O porta-voz do Sernic referiu igualmente que há membros seniores do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) entre os 10 indiciados pelo assassinato de Mahamudo Amurane, que na altura estava em rutura com o partido, ao qual pertencia. “Apurámos elementos que indiciam o envolvimento de membros, incluindo quadros seniores do MDM”, disse.

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O porta-voz do Sernic acrescentou que a investigação tem em conta ameaças que alguns membros do partido haviam proferido contra Amurane, informações divulgadas, agora, pela polícia de investigação, numa altura em que decorre a campanha eleitoral autárquica, com eleições marcadas para dia 10 de outubro. Questionado pelos jornalistas sobre a oportunidade da divulgação das informações, tendo em conta o momento político, Leonardo Simbine referiu ser “coincidência”.

Mahamudo Amurane tinha 44 anos e estava acompanhado, no rés-do-chão da sua casa, durante o dia, a 4 de outubro de 2017, quando um homem se aproximou e disparou. “Era um jovem alto, tirou a pistola a meio metro do edil e deu-lhe três tiros”, disse na altura, à Lusa, Saide Ali, vereador que estava junto a Amurane no momento do crime.

O autarca ainda foi transportado para uma unidade de saúde de Nampula, mas viria a falecer ao fim do dia – no feriado em que Moçambique celebra o aniversário dos Acordos de Paz de 1992.

A polícia referiu no próprio dia ter “indicações claras, dadas pelas testemunhas” que poderiam levar “à detenção do suspeito” e um mês depois, o ministro da Justiça, Isac Chande, anunciava que já havia seis pessoas constituídas como arguidos no processo.

No entanto, na última semana, o Ministério Público moçambicano anunciou o alargamento dos prazos para instrução do processo, alegando “complexidade” no caso.