Os escândalos de agressões sexuais cometidas por membros do clero, mas também a necessidade de um discurso mais livre sobre sexualidade, foram hoje discutidos sem rodeios no Vaticano, no primeiro dia de debates do Sínodo consagrado aos jovens.

“Não temos de defender a instituição, devemos antes defender as crianças e os jovens”, declarou o bispo auxiliar de Lyon, Emmanuel Gobillard, perante cerca de 350 participantes na assembleia e o papa Francisco.

“Face às questões de pedofilia que abalam a igreja, os jovens exigem-nos que a igreja seja uma casa segura”, sublinhou o prelado, durante a primeira sessão de debates do Sínodo, que decorre até 28 de outubro. “Hoje, a instituição está humilhada pelos pecados escandalosos daqueles que cometeram crimes abomináveis, bem como pelo silêncio gravemente censurável de alguns irmãos nossos”, disse.

Emmanuel Gobillard considerou que as revelações “deram também a possibilidade às vítimas de se reerguerem” e de os responsáveis responderem pelos seus atos.

Outro prelado, cujo nome não foi divulgado, dirigiu-se diretamente aos 34 jovens do mundo inteiro que assistem à assembleia dos bispos católicos, pedindo-lhes “perdão” pelos abusos do clero, mas também por todas as outras falhas da igreja, descreveu um participante.

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Gobillard interveio também para defender uma palavra mais direta com os jovens sobre a sua sexualidade. “Não tenham medo da sexualidade!”, disse o responsável religioso de 50 anos, que figura entre os bispos mais novos da assembleia.

“Na abertura deste Sínodo, é capital lembrar como é importante podermos falar abertamente de sexualidade, que os nossos jovens e os nossos seminaristas possam ser educados para educar bem”, acrescentou. O bispo francês pediu uma palavra “construtiva” sobre a sexualidade e o celibato nos estabelecimentos escolares, mas também nos noviciados, nos seminários e nos institutos de formação.

Com demasiada frequência, os jovens descobrem a sexualidade pelo “prisma da pornografia (que atinge quase todos) ou do silêncio constrangedor de gerações que não têm as chaves para proporcionar uma educação sólida neste domínio”, sustentou.