Em 2013/2014, chegaram ao Sporting de Leonardo Jardim dois avançados sem grande nome no mundo do futebol: o colombiano Fredy Montero e o argelino Islam Slimani. Nesta altura, andavam pelo plantel leonino Diogo Salomão, Shikabala e Gérson Magrão. Ricky van Wolfswinkel, a referência atacante da temporada anterior, tinha saído para o Norwich e Bruno de Carvalho encontrou em Montero e Slimani a resposta para as lacunas ofensivas do Sporting.

Rapidamente se percebeu que seria Montero o titular – e ainda que Leonardo Jardim tenha dito várias vezes durante a temporada que os dois avançados poderiam funcionar juntos, a verdade é que essa solução raramente foi implementada. Slimani era a arma guardada no banco para soltar em alturas de aperto mas o forte jogo aéreo do argelino não chegava para impressionar Jardim e superiorizar-se ao maior tecnicismo de Montero. Ainda assim, Slimani entrou em quase todos os jogos e a troca de Montero pelo argelino era a substituição mais previsível e tradicional do treinador leonino.

Naquela primeira temporada, Montero esteve em 33 jogos, marcou 16 golos e foi o melhor marcador do Sporting; Slimani esteve em 30 e apontou 10 golos. Mas este ascendente do colombiano em relação ao argelino foi sol de pouca dura. No ano seguinte, já com Marco Silva ao comando dos leões, Islam Slimani passou a ser a primeira opção, muito graças à maior consistência e capacidade de ser o verdadeiro ponta de lança de que se falava em Alvalade há tanto tempo. Em 2015/16, o argelino marcou 31 golos e esteve em 44 jogos do Sporting: Montero só marcou seis e acabou por sair do clube na janela de transferências de inverno, pela porta pequena, deixando muitos adeptos órfãos daquela magia que deixou água na boca no primeiro ano mas desiludiu nos dois seguintes. Slimani, meses depois, saía do clube pela porta grande rumo ao Leicester e rendia 28 milhões de euros aos cofres verde e brancos.

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Montero saiu para os chineses do Tianjin Teda e depois foi emprestado ao Vancouver Whitecaps do Canadá. Em janeiro de 2018, regressou a Lisboa e foi um dos reforços de um Sporting que ainda sonhava com a conquista do campeonato e não imaginava o pesadelo de maio. Slimani fez uma boa primeira época na Premier League, caiu de rendimento na segunda e acabou emprestado ao Newcastle. Desiludido com Inglaterra, – e face à possibilidade de jogar nas competições europeias – aceitou voltar a ser emprestado pelo Leicester mas desta vez aos turcos do Fenerbahçe. E é aqui que colombiano e argelino se voltam a encontrar.

A lesão duradoura de Bas Dost tem permitido a Fredy Montero ser a opção primordial para o ataque do Sporting; mas esta noite, frente ao Vorskla Poltava, José Peseiro decidiu colocar Diaby de início e deixar o colombiano no banco. À mesma hora, em Istambul, Slimani entrava em campo no onze inicial do Fenerbahçe para enfrentar o Spartak Trnava da Eslováquia.

A equipa portuguesa começou a perder logo aos 10 minutos e assim esteve até aos 90: altura em que Montero, já depois de saltar do banco, dominou um passe longo no peito, colou a bola no relvado, rodou e rematou sem hipótese para o guarda-redes ucraniano. Dois minutos depois, Jovane aproveitava o ímpeto despoletado pelo colombiano e confirmava a reviravolta. Na Turquia foi mais simples – Slimani marcou aos 51 e aos 68 minutos e resolveu sozinho o jogo da segunda jornada do Grupo D da Liga Europa.

Dois anos depois de ambos saírem de Alvalade, Montero e Slimani, na Ucrânia e na Turquia, deram razão a Leonardo Jardim: era mesmo possível funcionarem juntos.