A malnutrição grave matou 804 crianças com menos de 5 anos em Angola no ano passado, sendo a sétima doença com mais mortes notificadas pelas autoridades, indica o Boletim Epidemiológico a que a agência Lusa teve acesso esta quinta-feira. O documento, relativo a 2017, revela que entre as três doenças sob vigilância em menores de 5 anos, a malnutrição grave é a segunda causa de mortalidade, depois da pneumonia grave.

Os dados apontam, comparativamente ao ano anterior, para um aumento da taxa de incidência em 56,26%, passando de 590,29 em 2016, para 922,40 por 100.000 crianças menores de 5 anos em 2017, embora a taxa de mortalidade tenha diminuído em 22,77%, passando de 21 para 16,22 por 100.000 crianças desse grupo. A maior taxa de incidência foi verificada na província da Huíla, com 3.815,50 por 100.000 crianças, seguida das províncias do Cunene, Cuando Cubango, Namibe e Benguela.

Já a província do Cunene teve a maior mortalidade, com uma taxa de 64,18 por 100.000 crianças, seguida por ordem de frequência pelas províncias do Namibe, Benguela e Bié. Contudo, os dados de 2017 apontam para uma diminuição de óbitos comparativamente a 2016, ano em que foram registados um total de 1.055 óbitos.

Em junho deste ano, a chefe do Programa Nacional de Nutrição de Angola, Maria Futi Tati, disse que Angola está com uma taxa de “desnutrição crónica” na ordem dos 38%, com metade das províncias do país em situação de “extrema gravidade de desnutrição”, destacando-se o Bié, com 51%.

“O grau de desnutrição, principalmente a crónica, a nível do país é muito sério. Temos que trabalhar bastante, estamos com uma desnutrição crónica com uma taxa de 38% e o padrão preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de menos de 20%”, disse Maria Futi Tati.

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