“Johnny English Volta a Atacar”

Quando a Inglaterra está sob um colossal ataque de “hackers”, que revela a identidade de todos os agentes secretos de Sua Majestade e lança o caos em Londres, quem é que o governo vai chamar para descobrir os culpados e resolver a situação? Tem que ser o entretanto reformado Johnny English (Rowan Atkinson), que é o único espião que sobra por não ter pegada digital. Neste terceiro filme do mais desastrado agente secreto inglês, English decide recorrer aos métodos da velha guarda, pré-Internet e pré-“smartphones”, para levar a cabo a sua missão. Mas tanto faz, porque ele é uma catástrofe ambulante quer na era analógica, quer na digital.  Atkinson faz o seu número de Mr. Bean metamorfoseado em anti-James Bond, Emma Thompson interpreta a PM a gozar com Theresa May, o vilão é americano em vez de russo e “Johnny English Volta a Atacar” contém “gags” e gargalhadas suficientes para os seus 88 minutos de duração.

“Ingmar Bergman — A Vida e Obra do Génio”

Se conhece razoavelmente bem a vida e a filmografia de Ingmar Bergman, este documentário que Margarethe von Trotta assinou com Felix Moeller, não vem adiantar praticamente nada ao que se sabe sobre o mestre sueco e já foi objecto de estudo e interpretação em vários livros e outros filmes, e até mesmo na sua autobiografia, “Lanterna Mágica”, em que o autor de “Morangos Silvestres” e “Cenas da Vida Conjugal” falou sem problemas do seu entusiasmo de juventude pelo nacional-socialismo. As personalidades e especialistas no cinema de Bergman, bem como os seus próximos, que von Trotta (que também apresenta e narra), foi ouvir, também não adiantam nada de inédito, inovador ou sensacional sobre o realizador e a sua vida criativa, íntima e familiar. Alguns até, como Carlos Saura ou Jean-Claude Carrière, nem se percebe bem o que estão ali a fazer.  Um documentário redundante e preguiçoso.

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“McQueen”

O inglês Alexander McQueen entrou pelo mundo da moda na década de 90 como um furacão de criatividade, iconoclastia e provocação, criou a sua própria marca, encenava os desfiles das suas colecções como se fossem espectáculos ou “performances”, chegou a ser director da Givenchy e suicidou-se em 2010. Tinha apenas 40 anos. Ian Bonhôte e Peter Ettedgui contam, neste documentário, a breve e movimentada história do talentoso e inovador, mas também psicologica e emocionalmente instável e atormentado “designer” de moda vindo das classes trabalhadoras, que podia facilmente ter singrado noutra qualquer disciplina artística que tivesse escolhido. A maior virtude de “McQueen” é não ser um filme dirigido apenas ao mundo da moda ou a quem se interessa por ela, tal como o próprio Alexander McQueen nunca se limitou ou acomodou a ele durante a sua curta existência.

“Hora Feliz”

Com uma duração de mais de cinco horas (vai estrear-se dividido em partes), este filme-maratona do realizador nipónico Ryusuke Hamaguchi toma a forma clássica de um “woman’s picture” para seguir quatro amigas na casa dos 40, que vivem na cidade costeira de Kobe. O divórcio de uma delas, e a descoberta de factos da sua vida que as restantes desconheciam, vão causar fricções e fracturas no pequeno grupo. E levar as amigas a examinar as suas vidas conjugais e sentimentais, verificar os seus mostradores de felicidade individual,  os seus papéis na família e na sociedade, as relações com os que lhes são mais queridos e próximos, e as suas desilusões, interrogações e anseios. Premiado no Festival de Locarno (Prémio de Interpretação Feminina para as quatro actrizes, todas amadoras, e de Argumento). “Hora Feliz” foi escolhido pelo Observador como filme da semana, e pode ler a crítica aqui.