Os sistemas de condução autónoma vão mesmo surgir, mais cedo ou mais tarde, e todos [construtores automóveis ou não] estão a trabalhar afincadamente nisso, investindo milhares de milhões. E quando toda a gente quer investir, não é fácil ultrapassar a Google, que tem sempre uns milhõezitos a mais do que qualquer concorrente.

Sem grande alarde, a empresa tecnológica americana investe naquilo que sabe fazer, tecnologia, e tem ao longo dos últimos anos desenvolvido um sistema de condução autónoma que parece a anos-luz dos concorrentes, estando numa fase mais avançada, pois há meses que iniciou a fase de testes sem condutor em alguns estados norte-americanos, enquanto todos os outros ainda necessitam de ter a bordo um operador responsável.

Um dos trunfos da Google é a ausência de acidentes. O sistema da sua divisão de veículos autónomos Waymo – ao contrário de outros como o da Uber, que conseguiu ser o primeiro a atropelar e matar alguém (arrastando a Volvo no processo) – tem conseguido passar entre os pingos da chuva e evitar acidentes. Ou quase.

Até aqui, apenas era conhecido um acidente envolvendo um carro da Waymo, os monovolumes Chrysler Pacifica equipados com o sistema. E até esse embate não aconteceu por culpa da tecnologia autónoma, pois a polícia deu como provado que foi o outro veículo que acertou no monovolume. Mas terá acontecido recentemente um segundo acidente.

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A Waymo continua a desenvolver o seu sistema autónomo e isso implica percorrer milhares de milhas diariamente com a frota de veículos que tem à disposição, pois só isso pode “ensinar” o sistema a saber como proceder perante as situações complicadas e complexas que necessariamente vai ter de enfrentar no dia-a-dia. E apesar do veículo conseguir movimentar-se sozinho e em alguns estados contar com um responsável vai no banco do lado, na maioria dos casos o responsável está sentado atrás do volante, mas sem necessidade de intervir ou tocar no que quer que seja. O que demonstra a confiança da Waymo no sistema.

Sucede que o facto de estar ali sentado sem nada para fazer submete os técnicos da Waymo à tortura do sono, e muito deles sucumbem e entregam-se nos braços de Morfeu, ferrando-se a dormir. O que nem sequer é muito grave, pois efectivamente o carro já consegue fazer tudo sozinho. Acontece que um técnico da Waymo, a passar pelas brasas e provavelmente a lidar com um sonho mais animado, mexeu-se de tal forma que desligou o sistema autónomo, ao tocar inadvertidamente no acelerador, o que levou o Chrysler a assumir que o condutor tinha tomado conta dos comandos do veículo. Mas não, pelo que o carro embateu numa via rápida da Califórnia, precisamente o local mais fácil para um sistema deste tipo.

O saldo foi um pára-choques deitado abaixo, bem como a necessidade de adquirir uma nova jante e pneu, com o técnico a necessitar igualmente de um novo emprego, pois a ideia é não dormir nas horas de serviço e, sobretudo, não desligar o sistema.