Um espaço pioneiro dedicado a jogos de tabuleiro nasceu em Vila do Conde, num projeto de dois jovens locais, que regressaram a Portugal depois de oito anos emigrados em Inglaterra.

Manuel e Dina Silva, um casal aficionado por este tipo de jogos, perceberam a inexistência, no Norte de Portugal, de um local público onde amigos e famílias se pudessem reunir em torno deste tipo de divertimento, deixando carreiras estáveis para se dedicaram a esta paixão.

Apelidado de “A jogar é que a gente se entende”, o espaço pretende não só funcionar com um café de jogos de tabuleiro, com mais de 800 títulos à disposição, mas também como um local de cultura, com exposições de arte, programas com literatura e até iniciativas gastronómicas.

“O objetivo é as pessoas interagirem e passarem um bom bocado. Por isso, não temos televisão nem internet. Apenas jogos e bons petiscos. Além disso, haverá sessões de histórias para crianças, exposições regulares e até um dia em convidamos pessoas para cozinhar”, explicou à Agência Lusa, Manuel Silva, de 32 anos, um dos proprietários.

Apesar dessa diversidade das atividades, os jogos de tabuleiro serão o fator central para atrair pessoas ao local, tendo para tal, centenas de opções, a maior parte vinda da coleção pessoal de Manuel Silva.

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“Já jogo jogos de tabuleiro há mais de dez anos, desde criança o meu pai iniciou-me no xadrez e nas damas. Depois, com os meus amigos, descobri o Monopólio, o Cluedo e o Risco. Quando emigrei para Inglaterra, percebi que este nicho faz parte da cultura de muitos países e que as pessoas se encontravam para jogar. Comecei a participar e entrar nos grupos e descobri uma imensidão de outros jogos”, revelou o jovem empresário.

A paixão pelos jogos foi partilhada por Dina Silva, de 34 anos, que na sua profissão de terapeuta ocupacional já os usava como uma ferramenta de trabalho, para desenvolver competências sociais e cognitivas de crianças.

“Este projeto pode também usar a minha parte profissional, porque queremos fazer umas manhãs de ação social, convidando as instituições locais para sessões de jogos que ajudam a estimular várias competências de quem participar”, explicou.

O regresso do casal a Portugal, deixando para trás profissões estáveis, foi motivado, principalmente, por motivos pessoais e familiares, mas a paixão pelos jogos de tabuleiro não abrandou.

Depois de organizarem alguns convívios em casa, perceberam que havia muita gente interessada neste tipo de atividade lúdica, avançado para “aventura de ter um espaço dedicado aos jogos”.

“Chegamos em março de Inglaterra. Desde então criamos um grupo encontro semanal e, aos poucos, começamos a ter gente de todas as idades vir jogar a nossa casa. Juntou-se uma pequena comunidade, até que tivemos de limitar os convites, porque já não tínhamos espaço para receber tantas pessoas”, explicou Manuel.

Esse foi um dos cliques para se lançarem neste inovador projeto no Norte do país, tirando como exemplos espaços semelhantes em países com Inglaterra, França ou Alemanha, onde a cultura dos jogos de tabuleiro está bem mais desenvolvida.

“Há muitos mais jogos além dos tradicionais, que todos conhecemos. Achamos que era necessário, até para contrariar um pouco o mundo tecnológico, trazer de novo as famílias para conviver à mesa e impedir que uns estejam a ver televisão, outros no telemóvel ou no computador, sem conversarem”, acrescentou Manuel.

No novo espaço, os mais 800 jogos disponíveis estão catalogados com uma escala de cores, consoante o nível de complexidade e dificuldades, havendo sempre um aconselhamento e explicação das regras dos mesmos.

O uso dos jogos está sujeito a uma taxa simbólica, que ajudará na conservação, renovação e aquisição dos mesmos, estando determinantemente proibido jogar com objetivos monetários.