Cristiano Ronaldo está no olho do furacão. A acusação de violação, por parte de uma mulher norte-americana, tem estado nas bocas do mundo na última semana e gerado as mais variadas reações — desde a apreensão dos patrocinadores (veja-se ao caso da EA Sports, que retirou a imagem do craque português, que tinha sido escolhido para a capa do FIFA19, do seu site oficial, mas entretanto já a repôs), à defesa pública de várias personalidades. De familiares a treinadores, passando mesmo pelas mais altas figuras do país — como o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e o primeiro-ministro António Costa — são muitos os que defendido o direito de Ronaldo à presunção de inocência.

Massimiliano Allegri também não quis perder a hipótese de apoiar o seu jogador e, mesmo antes da deslocação ao terreno da Udinese, este sábado, fez questão de anunciar que Ronaldo ia ser titular. Mais do que isso, ia jogar bem. “É normal que o apoiemos num momento tão delicado, mas ele tem costas largas, o suficiente para se concentrar no jogo, entrar em campo e jogar bem, pois é um jogador sereno. Só o conheço há três meses, mas posso dizer que, em toda a sua carreira, ele fez sempre prova do seu profissionalismo dentro e fora dos relvados”, disse.

Um dia depois, cumpriu a promessa e lançou Ronaldo no onze — tal como fez com o outro português do plantel, João Cancelo. Como era natural, os holofotes estavam todos em CR7. O português tem habituado os adeptos do futebol a responder a todas as polémicas dentro das quatro linhas. Iria fazê-lo agora também?

Começou por tentar, logo ao minuto 7, quando disparou à baliza num remate que prometia, não fosse desviar na defensiva contrária e dar canto. A Juventus, que ainda só ganhou esta temporada e é líder isolada da Série A, foi subindo, cada vez mais, a pressão e baixando cada vez mais o bloco da Udinese, empurrando o rival para a sua baliza. O cerco foi montado à baliza de Scuffet, que já estava batido num remate de Pjanic que, para sorte dos da casa, saiu ao lado do alvo. Também Matuidi não conseguiu finalizar com êxito, após desvio ao primeiro poste de Cristiano Ronaldo.

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Mas tudo mudaria ao minuto 33. E com participação portuguesa. Não ainda de Ronaldo — já lá vamos — mas de João Cancelo, que jogou com o diabo no corpo na ala direita da Vecchia Signora. O ex-jogador do Benfica cruzou com régua e esquadro para a área, CR7 estava lá pronto a acabar de desenhar o lance, mas Bentancur encontrou como uma flecha e cabeceou para o primeiro da partida.

Cancelo, de novo, quase voltava a dar golo quando fez (mais) uma diagonal pela direita, a assistir Pjanic, que proporcionou uma defesa do outro mundo a Scuffet. Mas o que tem de ser tem muita força e Ronaldo tinha algo para dizer ao mundo. Disse-o em forma de golo — num remate potente e colocado com o pé esquerdo, que aumentou o marcador e abriu um enorme sorriso no rosto do português — que correu para celebrar o momento num abraço ao compatriota João Cancelo.

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A vencer por 2-0, a Juve baixou um pouco o ritmo e permitiu à Udinese que se aventurasse no ataque. Logo no reatamento, Alex Sandro foi providencial a cortar um remate de Kévin Lasagna que levava selo de golo. Mas foi sol de pouca dura porque a Vechhia Signora voltou ao comando e, de novo, montou o cerco à baliza de Scuffet. À passagem dos 70 minutos, Ronaldo tentou o ‘bis’ numa jogada individual em que ziguezagueou pela área mas acabou por atirar à figura. Logo depois, arregalou os olhos dos adeptos ao ‘brincar’ com a bola deixando-a nos pés de Bernardeschi — o italiano atirou colocado ao canto esquerdo de Scuffet, mas o guardião mostrou reflexos, esticou-se e afastou o perigo.

Ronaldo tentou de novo, mas de novo Scuffet estava na rota da bola — desta vez evitando o segundo golo do português com o pé. A Udinese mudou o sistema, passando para 4x4x2 e afiando a lança à baliza de Szczesny, mas continuava a ser no extremo oposto do campo que morava o perigo. Cancelo tentou coroar a grande exibição com um golo, encheu o pé à entrada da área, mas, de novo, Scuffet disse-lhe ‘não’: esticou-se, foi ao segundo andar, e deu um toque providencial com a ponta da luva que desviou a bola à barra.

Estava confirmada — e com assinatura portuguesa — a vitória da formação de Turim, que continua firme no primeiro lugar da Série A, com nove pontos de vantagem sobre o Nápoles (e mais um jogo), na perseguição ao oitavo título consecutivo na Série A.