Como em qualquer outra grande capital, o trânsito parisiense é caótico e um verdadeiro desafio para quem cria sistemas de condução autónoma, ou até semiautónoma, como é o caso do Autopilot da Tesla. Daí que seja curioso ver como se adapta o sistema de ajuda à condução do fabricante americano de veículos eléctricos a uma cidade em que, para além dos veículos, peões e ciclistas, há um verdadeiro batalhar de scooters a circular a velocidades pouco recomendáveis e a meter-se por buracos, desafiando as leis da física.

Antes de mais, é bom ter presente que o Autopilot, na actual versão que a marca monta nos Model S, X e 3, é um sistema de ajuda à condução. Não se trata de um sistema de condução autónoma, como muitos pretendem que seja – e que por vezes o forçam a desempenhar esse papel, nem sempre com bons resultados –, mas sim uma solução para dar mais descanso ao condutor, incrementando-lhe a segurança.

Apesar de ao condutor ser exigido estar sempre em condições de assumir o volante e ser responsável por tudo o que acontece, o Autopilot vê e analisa tudo o que acontece à sua volta, travando para evitar acidentes e desviando-se de situações potencialmente perigosas. Além disso, consegue regular a sua velocidade pelos carros que seguem à sua frente, manter-se na sua faixa de rodagem , ultrapassar quando possível e se o condutor abre pisca, sair e entrar nas auto-estradas e estacionar sozinho, segundo o fabricante.

Apoiando-se exclusivamente em câmaras, radares e sensores, o Autopilot é de longe o melhor, entre todos os sistemas deste tipo disponíveis no mercado. Não só se mantém mais facilmente ao centro da sua faixa, como o faz de forma mais progressiva, sendo ainda capaz de descrever curvas mais apertadas do que outros sistemas, ao ser capaz de aplicar mais torque sobre a direcção, evitando o que muitos sistemas da concorrência fazem e que passa por desligar as ajudas à condução à mínima dificuldade, colocando por vezes o condutor numa situação difícil.

Se de início o Autopilot tinha dificuldade em identificar bicicletas, ou diferenciar peões de motos ou carros, há muito que o sistema funciona de forma mais madura, identificando até obstáculos, cones de trânsito, não necessitando de separadores de faixas para encontrar o seu rumo através da cidade. Ainda assim, são visíveis algumas limitações do sistema, como aos 2.23 minutos do vídeo, em que interpreta um contentor de obras como um camião parado, ou aos 5.52, em que o Autopilot confunde um cartaz publicitário colado num posto em frente a uma passadeira com um peão a tentar ultrapassar a rua, ou até ao minuto 14.00 em que não se apercebe que um Mégane que virou à esquerda, afinal decidiu regressar à sua faixa e seguir em frente. Interessante é contudo a quantidade de informação que o sistema tem de processar, sistematicamente e a cada segundo que passa. Isto em cidade, o que coloca muitos e mais problemas às ajudas à condução do que a simples circulação em auto-estrada.

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