Depois da moda dos SUV, que substituíram as berlinas, as carrinhas e sobretudo os monovolumes, parece que os eléctricos são a próxima aposta da indústria automóvel. Contudo, ao contrário dos SUV, os fabricantes vão oferecer uma crescente quantidade de veículos eléctricos não por devoção, mas por necessidade, uma vez que sem eles nenhum vai conseguir cumprir as cada vez mais apertadas normas pró-ambiente. E, à semelhança de outras tecnologias, também os eléctricos necessitam de grandes investimentos e de serem fabricados em grandes números para serem mais acessíveis e gerarem mais lucros.

A Renault tem no Zoe o eléctrico mais popular na Europa, ainda que recentemente tenha sido ultrapassado nas vendas pelo novo Nissan Leaf, modelo que é obviamente maior e mais sofisticado, sendo proposto por um valor similar. O Zoe lutou, primeiro, contra falta de motores e, depois, de baterias para aumentar a produção e, assim, fazer face à maior procura, com a Renault a prometer incrementar a produção e atingir 440 unidades por dia em 2019, quando lançar a segunda geração (que surgirá juntamente com o novo Clio), ou seja, cerca de 9.000 veículos/mês. São quatro vezes mais do que fabrica actualmente do Zoe, valor que equivale a quase o triplo do que o Leaf comercializa no Velho Continente.

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Para atender às novas necessidades, o responsável pelas Vendas de Veículos Eléctricos na marca francesa, Gilles Normand, revelou que o Zoe (segmento B) “será completado por dois SUV, um ligeiramente mais pequeno, no segmento A, e outro ligeiramente maior, no segmento C”. Se o primeiro será a versão europeia do K-ZE, modelo que já recorre a uma nova plataforma, e que deverá chegar ao mercado em 2022, o segundo será um SUV tipo Kadjar, mas alimentado por bateria. A Renault ficará assim representada nos três segmentos mais acessíveis do mercado europeu, fabricando uma maior quantidade de veículos eléctricos, o que deverá contribuir para que os custos de produção baixem e a margem de lucro suba.

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Esta decisão de completar a gama de eléctricos de passageiros (ou seja, o Zoe) com dois SUV deixa de fora a possibilidade de vir a surgir uma berlina eléctrica tipo Mégane, ao contrário do que a Volkswagen decidiu com fazer o I.D.. De qualquer forma, todos os novos veículos serão concebidos com base na nova plataforma CMF-EV, a versão específica para carros a bateria da base que serve os Renault mais acessíveis, partilhada pelos Nissan e Mitsubishi. E com objectivos, em termos de autonomia, na casa dos 500 km.

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Se isto são boas notícias para os veículos eléctricos da marca francesa, a mesma necessidade de responder aos desejos do mercado vai implicar o desaparecimento de modelos com menor procura. De acordo com o director-geral adjunto do grupo Renault, Thierry Bolloré, o Scenic que surgiu em 2016 “vai continuar por muitos anos, tanto mais que a procura por este tipo de monovolumes continua dentro de níveis aceitáveis”. Mas as preocupações de Bolloré concentram-se na eventual substituição do modelo, o que não deverá acontecer antes de 2022, uma vez que “o segmento dos monovolumes muda todos os anos”, afirma.

Se considerarmos que entre o Captur, o Kadjar e o Koleos, estes modelos representam cerca de 1/3 da actual produção da Renault e que esta inclui best sellers como o Clio e o Mégane, é fácil perceber o crescente potencial dos SUV, em detrimento dos monovolumes.