O candidato à presidência do Brasil Jair Bolsonaro não irá participar no debate televisivo que estava marcado para esta quinta-feira, por indicação médica, bem como nos que estão marcados para o dia 14, 15 e 17. A informação foi revelada esta quarta-feira pelo cirurgião Luiz Macedo e o cardiologista Leandro Echenique, que estão a acompanhar a convalescença do candidato do Partido Social Liberal (PSL) desde que este foi esfaqueado durante uma ação de campanha no início do setembro. Os únicos debates em que Bolsonaro está autorizado a participar são os do dia 21 e 26 de outubro.

Os dois médicos deslocaram-se à casa de Bolsonaro na manhã desta quarta-feira, no Rio de Janeiro, para fazer uma nova avaliação médica ao candidato. Segundo os clínicos, o facto de o candidato ter perdido 15 quilos significa que ainda não está suficientemente forte para enfrentar debates televisivos e ações de campanha.

A direção da cadeia de televisão Rede Bandeirantes, onde o primeiro debate que iria colocar frente a frente Bolsonaro a Fernando Haddad iria ser transmitido, estava já a trabalhar na possibilidade de o frente a frente ser filmado no Rio de Janeiro, caso os médicos proibissem o candidato da extrema-direita de voar de avião. Segundo o jornal Estado de S. Paulo, uma equipa já estaria na cidade a montar o estúdio e o canal de televisão terá sido surpreendido pela notícia de que Bolsonaro não participará no debate.

O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad, já reagiu à decisão dos médicos. “Eu vou até a uma enfermaria, na boa, fazer o debate, porque nós temos que passar a limpo muita coisa”, declarou a jornalistas estrangeiros, em São Paulo, citado pelo UOL. Haddad reforçou essa mesma ideia pouco depois, no Twitter, acrescentando que “ninguém pode ser eleito sem apresentar as suas propostas ao povo”.

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Vou falar da forma mais calma possível. Vou falar docemente. Não altero a voz. Nem olho para ele se ele ficar com muito receio”, declarou o candidato do PT aos jornalistas. “Faço o que ele quiser para ele falar o que pensa e debater o país. Com assistência médica, enfermaria, em qualquer ambiente.”

Bolsonaro não deixou Haddad com a última palavra e respondeu, através do Twitter, com uma ameaça: “Calma que sua hora vai chegar, marmita de corrupto preso!”.

Já no último debate presidencial ainda antes da primeira volta, a quatro de outubro, Jair Bolsonaro não esteve presente, por conselho médico. O Correio Braziliense recorda que, quando foi votar no passado domingo, o candidato se queixou de desconforto com a bolsa de colostomia que utiliza neste momento.

Os dois clínicos, contudo, declararam à imprensa que o mais provável é que o candidato do PSL tenha alta entretanto para poder participar na campanha da próxima semana, a partir do dia 18 (quinta-feira): “De certeza que ele vai ter condições na semana que vem”, declarou o cirurgião Luiz Macedo, segundo o Estadão. Olhando para o calendário dos debates televisivos marcados, a confirmar-se esta estimativa, Bolsonaro não participará no debate desta quinta-feira, nem nos próximos três (marcados para os dias 14, 15 e 17). Contudo, deverá estar apto a debater nos dias 21 e 26, nos dois debates televisivos marcados para a TV Record e para a Rede Globo.

Carlos Bolsonaro, um dos filhos do candidato do PSL, publicou recentemente uma fotografia de uma reunião com a equipa médica, onde assegura que está tudo a ser encaminhado para que Jair Bolsonaro “esteja preparado para atividades externas e de alto stress”.