A atividade gripal do inverno passado foi de “intensidade baixa-moderada”, tendo sido notificados 1.334 casos de gripe, segundo o relatório anual do Programa Nacional de Vigilância da Gripe (PNVG) apresentado esta sexta-feira em Lisboa.

“Os casos notificados foram de ambos os géneros, em maior proporção do género feminino e de todos os grupos etários”, sendo que os menores de 14 anos poderão estar sub-representados nos casos notificados “o que possivelmente se relaciona com a procura de cuidados de saúde de pediatria fora das redes que colaboram” com o programa, refere o documento apresentado na 7.ª Reunião da Vigilância Epidemiológica da Gripe, promovida pelo Instituto Ricardo Jorge (INSA) em colaboração com a Direção-Geral da Saúde (DGS).

Segundo o relatório, foi nos doentes com obesidade, diabetes e com doença cardiovascular que a maior proporção de casos de gripe foi confirmada laboratorialmente (39%, 38,9% e 38,8%, respetivamente), seguindo-se indivíduos com doença respiratória crónica (36,5%) e imunodeficiência congénita ou adquirida (35,7%).

A vacina contra a gripe tinha sido administrada em 17,1% dos casos notificados, valor idêntico ao observado na época 2016/2017, refere o documento, adiantando que a deteção do vírus da gripe ocorreu em 33,6% dos casos vacinados e sujeitos a diagnóstico laboratorial, o que poderá estar relacionado com uma moderada efetividade da vacina antigripal.

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Em declarações à agência Lusa, Raquel Guiomar, responsável pelo Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios do Instituto Ricardo Jorge e do Programa Nacional de Vigilância da Gripe afirmou que “o que caracterizou a época gripal 2017/2018 foi uma atividade baixa a moderada, tendo sido observada a circulação de vírus da gripe do tipo A e do tipo B, com o predomínio do vírus tipo B/Yamagata.

Segundo Raquel Guiomar, “esta situação observada a nível nacional foi muito semelhante ao que se observou a nível europeu”.

O relatório, elaborado pelo INSA em colaboração com a DGS, adianta que em Portugal e em outros países da Europa, observou-se um excesso de mortalidade por todas as causas no período coincidente com a epidemia de gripe e com as temperaturas extremas registadas em dezembro e fevereiro.

Segundo o documento, estimou-se durante este período um excesso de 3.714 óbitos em relação ao esperado, o que corresponde a uma taxa de 36 óbitos por cada 100.000 habitantes, principalmente nas regiões de saúde Centro, Norte, e Lisboa e Vale do Tejo.

Relativamente à nova época de vigilância da gripe, que teve início na primeira semana de outubro e se estende até maio de 2019, Raquel Guiomar disse que “todo o sistema de vigilância está já ativado”, mas que “ainda é muito cedo para saber os vírus que vão circular”.

“O que sabemos é que a vacina contém os três vírus sazonais e temos o sistema montado para os detetar e acompanharmos as suas características ao longo de todo o inverno”, disse Raquel Guiomar, lembrando que a melhor medida de prevenção da doença é a vacinação, cuja campanha começa na segunda-feira e prossegue durante todo o inverno.