O ex-diretor da PJ Militar, Luís Augusto Vieira, e o ex-porta-voz da instituição, Vasco Brazão, vão voltar a ser ouvidos no âmbito da Operação Húbris num momento em que o caso volta a aquecer com contradições entre aquilo que o militar disse em tribunal, no final de setembro — e que comprometia o ministro da Defesa — e versão que o diretor da PJ Militar apresenta sobre o mesmo ponto: a entrega de um relatório com os contornos a “encenação” da recuperação do material furtado de Tancos ao ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes.

A audição do ex-porta-voz está marcada para a próxima terça-feira, dia 16 de outubro, às 10 da manhã. Mas, ao contrário do que aconteceu em setembro, no primeiro interrogatório, Vasco Brazão não será ouvido no tribunal de instrução criminal pelo juiz João Bártolo. O militar vai ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) para um encontro com os procuradores responsáveis pelo processo, avançou ao Observador fonte ligada ao caso.

Diretor da PJ Militar confessa encenação. Antenas telefónicas e portagens denunciam militares

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Atualmente em prisão domiciliária, Vasco Brazão — representado pelo advogado Ricardo Sá Fernandes — levará consigo o documento que garante ter entregado ao ex-chefe de gabinete do ministro Azeredo Lopes, em que se dá conta da encenação de uma chamada anónima, combinada com um informador da PJ Militar, alegadamente para dar informações sobre o paradeiro dos caixotes com material de guerra desaparecidos de Tancos em junho.

Já esta sexta-feira, o semanário Expresso e o jornal Público dão conta de uma versão diferente dos factos. Segundo os dois jornais, o encontro entre o diretor da PJ Militar, o major Vasco Brazão e o então chefe de gabinete do ministro da Defesa terá ocorrido, não em novembro, mas sim em outubro — versão que também contradiz a posição do general Martins Pereira, que já tinha confirmado um encontro em novembro com os dois elementos da PJ Militar e que fez chegar ao DCIAP a documentação “verdadeira” que lhe foi entregue nesse encontro.

Além disso, os dois jornais escrevem agora que o documento entregue a Martins Pereira não fazia qualquer referência a uma operação de encobrimento. Ter-se-á tratado de um documento comum, elaborado após a recuperação do material de guerra na Chamusca, com a mesma versão que a PJ Militar divulgou publicamente nesse momento: foi uma chamada anónima a levar à recuperação do material. Vasco Brazão deverá contrapor a sua versão à do coronel Luís Vieira, ex-diretor da PJ Militar, e esclarecer as pontas soltas deste caso — até porque, no depoimento que prestou no Tribunal de Instrução Criminal, o major não fez qualquer referência a um encontro nem à entrega de qualquer documento a Martins Pereira no dia seguinte à recuperação das armas de Tancos, da mesma forma que o general, ex-chefe de gabinete de Azeredo Lopes, apenas se referiu a um encontro com os elementos da PJ Militar, em novembro.