Dentro de 15 dias, mais precisamente a 1 de Novembro, termina a gratuitidade no abastecimento de energia nos postos de carga rápida de eletricidade (PCR). Se, até final de Outubro, a energia com que se abastecem os condutores de veículos elétricos nos PCR é suportada pelos concessionários dos postos, estes vão finalmente poder debitar aos utilizadores a energia que colocam nas baterias, através destes postos que fornecem eletricidade até uma potência de 50 kW.

Novembro não vai marcar apenas o início da comercialização de energia – só nos PCR, uma vez que nos postos públicos de potência normal ela vai continuar a ser gratuita, restando saber até quando –, marca também o início de uma grande confusão para o utilizador. É que enquanto o abastecimento de combustíveis fósseis, sobretudo gasolina e gasóleo, é uma tarefa simples (e rápida), pois sabemos de imediato quantos litros estamos a meter no depósito e o custo inerente à operação, já abastecer de energia nos PCR promete exigir alguns conhecimentos de matemática. Isto segundo as tabelas tornadas públicas pela Mobi.e, que pode consultar na fotogaleria, exclusivas para os custos inerentes aos operadores.

Para começar, necessita de um cartão novo

O antigo cartão da Mobi.e continuará a ser válido, mas apenas para os postos de carga normais. Assim, a partir de dia 1 de Novembro, só poderá ligar-se a um PCR os utilizadores que já tenham celebrado um contrato com um dos quatro  Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Eléctrica (CEME), nomeadamente a EDP Comercial, Galp Power, Prio.E e GRCAPP. O cartão fornecido por cada um desses CEME é válido não só em todos os PCR do país, como também nos postos de carga normais, sendo que não é evidente que a própria emissão do cartão não seja cobrada. A Mobi.e não exclui essa possibilidade, ao esclarecer que “não existe qualquer obrigação a cumprir pelos CEME nessa matéria, devendo os utilizadores consultar os CEME para obter essa informação”.

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Cada operador cobra o que quer

A principal novidade no novo tarifário de energia para veículos elétricos é que cada operador cobra o que quer e como quer. Segundo, a Mobi.e, “não existe qualquer limitação em termos da estrutura e dos valores do preçário do CEME”, sendo apenas exigido que a fatura discrimine as componentes de energia, de utilização dos postos de carregamento e de eventuais incentivos/subsídios do Estado aplicados. Contudo, é necessário somar os custos do CEME contratado, ou seja da energia fornecida, ao preço cobrado pelos operadores, que tanto podem taxar o clientes de acordo com a energia carregada, como dependendo do tempo necessário à operação.

Por isso, se achava que a guerra comercial para a eletricidade doméstica tornava o cálculo dos custos complexo – especialmente quando se começa a juntar energia elétrica e gás –, prepare-se para elevar um pouco mais a fasquia da complexidade. A energia lá de casa já tem no mínimo duas componentes, pois além do aluguer do contador, há que fazer contas aos custos da energia consumida. O que acontece nos PCR é substancialmente pior, pois há a componente energética, responsabilidade dos CEME e a componente de utilização dos postos, imposta pelos operadores. E se a tudo isto juntarmos as promoções, mais ou menos agressivas de uns e outros, é a confusão generalizada.

Considerando apenas o tarifário dos operadores, nos postos explorados pela EDP e Galp, que optam por cobrar uma taxa por o condutor ligar o seu carro à rede (cerca de 0,150 euros na EDP e 0,489 euros na Galp), para depois se fazerem pagar por cada kWh carregado (0,090 euros para a EDP e 0,162 euros para a Galp, é fácil verificar que as vantagens de abastecer na EDP são mais que óbvias. Isto antes de considerar os custos de energia praticados pelos CEME.

…e como quer

Mas atenção, se EDP e Galp (enquanto operadores dos postos) optaram por impor uma taxa de ligação, além de cobrar a energia, outros operadores de postos preferiram privilegiar a simplicidade, cobrando apenas o tempo durante o qual o veículo elétrico está ligado à corrente, como se fosse um parquímetro. O “estacionamento” mais caro é o da Cepsa, a 0,150 euros o minuto, sendo que a Mobiletric fatura o parqueamento por cerca de 0,050 euros, a KLC entre 0,070 euros e 0,100 euros, a EV Power a 0,095 euros e a EVCE a 0,083 euros. Contudo e sempre que possível, prefira os PCR da Prio.e, que vão continuar a ser grátis (antes dos custos da electridade carregada).

Em síntese, “o preço total a pagar pelo utilizador corresponderá à soma do custo do serviço de operação do posto”, cujo preçário tem de estar afixado pelo operador, “e o custo do serviço disponibilizado pelo seu CEME (em geral, trata-se de eletricidade), de acordo com as condições do contrato celebrado com o mesmo”.

Dos quatro CEME do mercado, apenas a Galp revelou o seu tarifário, já com promoções de 20% no termo variável, sendo que será aqui que se vai realizar a grande batalha, especialmente entre os postos onde o CEME (EDP Comercial, Galp Power, Prio.E ou GRCAPP) e o operador são a mesma entidade.