Um despacho publicado em Diário da República cria um número de emergência para ser usado dentro dos hospitais pelos profissionais: o 2222. O objetivo passa por responder de forma mais rápida e eficaz a situações de crise. O documento foi publicado esta segunda-feira e assinado pelo Secretário de Estado da Saúde, Fernando Araújo.

Está provado cientificamente que a taxa de sobrevivência aumenta em grande medida quando o doente é socorrido até três minutos após uma paragem cardíaca. Mas muitas vezes a resposta é demorada porque ”uma grande percentagem de profissionais de saúde não conhece o número utilizado no seu hospital para situações de emergência sendo frequente os profissionais de saúde trabalharem em mais do que um hospital, o que pode ter impactos na segurança e nos tempos de resposta”, afirma o  Secretário de Estado da Saúde.

Apesar da Direção-Geral da Saúde (DGS) ter publicado já há oito anos normas sobre a organização das equipas de emergência médica intra-hospitalares, não existia até agora um número para que sejam chamadas equipas, deixando esse processo à consideração de cada hospital

A medida do Ministério da Saúde pretende combater a demora na resposta, mas nem todos os hospitais têm equipas de emergência interna, com um médico e um enfermeiro com competências na abordagem de doentes críticos e em técnicas de reanimação. A garantia é dada pelo presidente da secção sul da Ordem dos Enfermeiros, Sérgio Branco. ” Há mesmo hospitais que ainda nem têm essas equipas, quando devíamos ter pessoal dedicado apenas a esses casos. Boa parte dos hospitais da região sul, pela informação que tenho, nem sequer têm estas equipas”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Diferenças dentro do mesmo Centro hospitalar

De acordo com informações avançadas pelo Diário de Notícias, os hospitais mais pequenos podem ter dificuldades em cumprir esse objetivo. O caso do Centro  Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, composto por três hospitais (o de Vila Real, Chaves e Lamego), é exemplo disso, uma vez que apenas o Hospital de Vila Real tem uma equipa organizada para o efeito. Ao mesmo jornal, o centro hospitalar informa de que Chaves está a ”organizar-se nesse sentido e espera que essas equipas estejam em pleno funcionamento nos próximos meses”.

O presidente da Ordem dos Médicos do Centro, Carlos Cortes, admite que mesmo nos hospitais onde existem essas equipas, estas têm que ser partilhadas com outros serviços. “De facto, muitas vezes pode passar-se muito tempo até que um doente seja socorrido, e isso deve-se à escassez de recursos humanos, os profissionais não estão nos internamentos, têm de estar noutros serviços, como urgências.”

Aprovado este despacho, os hospitais têm até 31 de Março do próximo ano para cumprirem a medida. Os serviços ficam ainda responsáveis pela elaboração de campanhas de informação interna, “no sentido de divulgar de forma clara e objetiva a alteração introduzida pelo presente despacho, capacitando todos os profissionais de saúde para o novo número da rede telefónica interna”.