Não há grandes dúvidas de que o Bloco de Esquerda vai votar a favor do Orçamento do Estado para 2019 (OE2019), mas, em entrevista ao jornal Público e à rádio Renascença, Catarina Martins alerta para “uma série de medidas que ou têm insuficiências ou têm ambiguidades”, contando para isso com o trabalho na especialidade para “ir mais longe”. Uma dessas preocupações é sobre a Energia, pasta que agora vai ser tutelada pelo ex-deputado João Galamba: “Esperemos que não haja retrocessos”, diz.

Questionada sobre que insuficiências vê no Orçamento que negociou, a coordenadora bloquista aponta para a descida do IVA da eletricidade, cuja redução deverá ser feita apenas na potência contratada de contadores até 3,45 kW, “que é uma potência muito baixa, que não atinge praticamente ninguém”. “Pelo que sabemos dos números do próprio Governo, seria perfeitamente possível baixar o IVA do contador até, pelo menos, aos 6,9 kW, que é a potência referência para a tarifa social da eletricidade”, diz.

As questões sobre a Energia são as que motivam maior preocupação entre os bloquistas, com Catarina Martins a confessar ter ficado “surpreendida” com a remodelação governamental feita naquele setor, com a saída do secretário de Estado Jorge Seguro Sanches, e a entrada de João Galamba para o seu lugar.

“Ficámos surpreendidos com as mudanças na Energia. Isto porque tinha sido feito um trabalho com o BE e foram dados passos para combater as rendas excessivas da EDP. É bom que a alteração da tutela não seja para recuar no caminho feito”, diz, recusando opinar sobre a escolha de João Galamba.

A única coisa que importa saber, segundo Catarina, é se o caminho de cortar nos CMEC vai ser prosseguido ou se vai haver uma inversão do sentido da marcha.

A capacidade política de levar estes processos contra uma empresa que é tão poderosa em Portugal vai determinar a avaliação que se possa fazer desta mudança”, disse, reforçando que espera que desta vez “não haja retrocessos”, ao contrário do que aconteceu no ano passado, em que o PS mudou de ideias à última hora e chumbou o corte das rendas excessivas nas energias renováveis.

Já sobre o futuro pós-orçamental, Catarina Martins diz que é “um bocadinho abstrato” estar a antecipar cenários sobre a próxima legislatura, mas sublinha o facto de “a ideia do voto útil” ter sido “destruída” nas últimas eleições, fazendo com que todos os partidos contem e sejam tidos em conta na geometria de uma solução governativa. Não querendo antecipar o futuro, contudo, nota que o Bloco de Esquerda “gosta de ter as coisas escritas e claras”, pelo que, se uma espécie de “geringonça” voltar a acontecer, os bloquistas não dispensam o acordo de papel passado.

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