O grupo parlamentar do PSD reuniu-se esta quinta-feira para debater o Orçamento do Estado, que foi conhecido na segunda-feira perto da meia-noite. Mas com Rui Rio em Bruxelas até hoje, ainda não houve da parte do PSD o veredito final há muito aguardado. No final da reunião dos deputados, o máximo que se extraiu do líder parlamentar, Fernando Negrão, foi a ideia de que “a maioria dos deputados” manifestou uma “discordância profunda” em relação ao documento.

“Não só em questões pontuais, mas principalmente numa questão nuclear: porque é que Portugal é dos países da OCDE que menos cresce? Esta é a razão fundamental de uma discordância profunda em relação a um orçamento que segue a linha dos anteriores de um crescimento fraco e exíguo”, criticou Negrão. Questionado sobre se esta discordância seria suficiente para o PSD votar contra o documento, Negrão respondeu: “Não sei, no fim os órgãos do partido decidirão se o voto será ou não contra”.

Nisto, pelo menos, direção e bancada parecem estar de acordo, já que de Rui Rio também só se têm ouvido críticas ao documento: eleitoralista e enganador, que é “chapa ganha, chapa gasta”. Falando esta quarta-feira em Bruxelas, à margem de uma reunião do Partido Popular Europeu (PPE), Rio considerou tratar-se de “um orçamento que não aposta no futuro, aposta no presente, e em 2019 apostar no presente significa apostar nas eleições. E, portanto, todas as folgas que há é para distribuir. Isto tem uma marca ideológica, do PS, e particularmente do Bloco de Esquerda e do PCP”.

Rui Rio considera proposta do Orçamento eleitoralista e enganadora

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para o final desta semana está prevista outra declaração do presidente do PSD sobre o tema, segundo apurou o Observador.

Para já, o que o PSD não quer é deixar cair o tema de Tancos, acusando o PS de tentar encerrar o caso com a demissão do chefe do Exército, depois da demissão do ministro. Segundo Fernando Negrão, se não houver uma “explicação rápida” sobre a “dissonância de explicações” dadas pelo Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) no seu pedido de resignação, uma alegando motivos pessoais e outra questões políticas, então o PSD vai chamar o novo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, ao Parlamento.

“O CEME [Rovisco Duarte] alegou aos órgãos de soberania que saía por razões de natureza pessoal e disse aos seus pares do Exército que saía por razões de natureza política. Este é um facto da maior gravidade”, afirmou Negrão em declarações aos jornalistas no final da reunião da bancada social-democrata. O PSD acusa o primeiro-ministro, António Costa, de “desvalorizar o problema de Tancos”, mas Negrão deixa o aviso de que o partido quer ir até “às últimas consequências”.