O Governo escolheu Nunes da Fonseca para suceder a Rovisco Duarte na chefia do Exército. O anúncio da escolha foi feito pelo próprio primeiro-ministro a partir de Bruxelas, onde está a participar num encontro do Conselho Europeu. O general apontado pelo executivo é visto como um homem “reservado”, “ponderado”, alguém que “não gosta de dar nas vistas”. A tomada de posse acontece já esta sexta-feira, no Palácio de Belém.

“O primeiro-ministro informou o Presidente da República da proposta de nomeação do senhor general José Nunes da Fonseca como Chefe do Estado-Maior do Exército, a qual aceitou”, refere uma nota publicada no site da Presidência.

Foi uma escolha relâmpago. Minutos antes da nota de Marcelo, António Costa tinha dito que a escolha seria votada ainda esta sexta-feira, em “conselho de ministros eletrónico”, para que até ao final do dia o nome pudesse ser levado ao Presidente da República, a quem cabe a nomeação. “O Conselho Superior do Exército acabou de aprovar, por unanimidade, o parecer favorável ao nome indigitado pelo Governo” para o lugar de Chefe do Estado-Maior do Exército, disse o primeiro-ministro aos jornalistas.

Não tinha passado uma hora desde a intervenção de António Costa e já a votação ministerial estava feita e a cerimónia de tomada de posse agendada e tornada pública pelos serviços de Belém. A tomada de posse será a conclusão de um processo desencadeado pela resignação do general Rovisco Duarte, que na quarta-feira fez chegar a Marcelo Rebelo de Sousa a sua carta para abandonnar a chefia do ramo, dois dias depois de o novo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, assumir funções.

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No anúncio, António Costa disse apenas esperar que Nunes da Fonseca “desempenhe as suas funções, que é aquilo que todos contamos que cada servidor público possa fazer”. O general, número dois na cadeia de comando da GNR, não estava entre os nomes mais referidos como mais provável escolha do Governo para virar a página de Tancos, após a saída do general Rovisco Duarte. Esse terá sido um dos pontos fundamentais no processo de audições que o ministro colocou em marcha com a saída do ex-CEME.

O “homem reservado” que foi 1º do curso de Engenharia

A Associação de Oficiais das Forças Armadas diz tratar-se de uma “pessoa extremamente competente, reservada, não é pessoa que goste de dar nas vistas” e que será sinónimo de discrição na chefia do Exército. Um traço apreciado depois dos últimos anos de intensa exposição mediática a que Rovisco Duarte foi sujeito pelos vários processos com que foi sendo confrontado durante o mandato: da morte dos recrutas do curso Comandos ao furto de Tancos.

“Aquilo que esperamos é que o Exército tenha um CEME consensual e onde os homens e mulheres do Exército se revejam”, refere o presidente da associação, o tenente-coronel António Mota.

Nunes da Fonseca foi o primeiro aluno do curso de Engenharia, na Academia Militar (a que juntou um mestrado em Engenharia Militar). Com 38 anos de serviço, soma várias missões, algumas das quais já como oficial general — como é o caso da missão da NATO no Kosovo (KFOR), em 2011, onde foi comandante da força logística.

Somam-se também vários louvores e medalhas internacionais (por Itália, Bósnia, Kosovo, Espanha, Brasil, pela EUROFOR, França), além de 23 louvores nacionais e três estrangeiros.