Ainda antes do início do encontro, o abraço entre Patrick Canto e Sérgio Conceição foi claramente promovido pelo técnico do Vila Real, que se assumira como fã do trabalho e estilo do homólogo portista na antecâmara da terceira eliminatória da Taça de Portugal; no final, o gesto repetiu-se mas com sentimentos diferentes – por um lado, o treinador visitado como que reconheceu o mérito dos azuis e brancos em jogar “a sério” frente a um adversário teoricamente inferior; por outro, o comandante dos dragões, satisfeito com a atitude revelada pela sua equipa, também prestou uma espécie de “homenagem” à forma como, mesmo em desvantagem no marcador e no número de elementos em campo, o conjunto transmontano tentou sempre mostrar o que sabe quando tinha bola, sem sinais de autocarros ou anti jogo. Também aqui, o dia de festa acabou da mesma forma.

A palavra “nunca” tem sempre uma exceção. Nem que seja por 72 minutos (a crónica do Vila Real-FC Porto)

Na análise ao encontro, Sérgio Conceição destacou os pontos chave que conduziram os campeões nacionais à goleada, ao mesmo tempo que elogiou a prestação de Adrián López que mais não foi do que aquilo que apresenta também nos treinos.

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“Há duas palavras que são essenciais no futebol e na vida: humildade e respeito. Hoje tivemos muita humildade e a mesma capacidade de trabalho e ambição que o adversário. Se calhar é o jogo mais mediático que muitos deles vão ter na carreira mas tínhamos de respeitar quem veio ver o jogo e a competição. Foi isso que fizemos. Com mais golo, menos golo, não interessa. Importante foi a prestação dos jogadores com falta de ritmo competitivo, que mostraram que podemos contar com eles”, frisou o técnico portista. “Essa humildade e respeito também fazem parte do que tenho de ser. Se olharem para a equipa que jogou, passou estas duas semanas comigo, excetuando o Militão. A preparação do jogo tem de ser feita em função do adversário e foram os jogadores que estiveram à disposição nestas duas semanas. O futebol hoje trabalha-se bem em todo o lado, as equipas técnicas são mais competentes. Já não é como há 20 anos, as coisas evoluíram e ainda bem”, acrescentou.

“Adrián López? Não é o jogo que dita os jogadores que podem ou não ter mais oportunidades, são os treinos. O Adrián nos treinos é sério como os outros. O que fez hoje é o que também faz nos treinos, com esta mesma alegria e prazer de jogar. Tinha dito que o primeiro livre à entrada da área era ele que batia, porque fá-lo nos treinos. O onze que entra é sempre dependente dos treinos e do que pode dar à equipa”, salientou Sérgio Conceição, abordando o poker do avançado espanhol.

Por fim, e comentando o ambiente de festa que se viveu em Vila Real ao longo do dia, o treinador dos azuis e brancos soltou até uma confissão. “É uma maravilha ver isto. E vou confidenciar: assisto ao vivo a mais jogos do Campeonato de Portugal e dos Distritais do que da Primeira Divisão, principalmente na zona de Coimbra. Gosto muito de ir a estes pequenos estádios de divisões inferiores, até porque também aprendemos aqui. Só se consegue manter este estado de espírito se pisarmos um campo como este hoje e estivermos quarta-feira estar na Rússia para a Liga dos Campeões com um sentimento igual”.

Já Adrián López, a grande figura do encontro ao marcar o primeiro poker da carreira que o colou a Aboubakar como melhor marcador dos portistas na presente temporada, mostrou-se “contente sobretudo pela vitória da equipa”. “É sempre importante marcar quatro golos, sobretudo para quem joga no ataque. Tive a sorte de marcar e ajudar a equipa, estou muito contente por isso. Todos os jogadores do plantel têm de estar preparados para quando surgir a oportunidade de jogar mas importa destacar que houve mudanças e a equipa manteve-se a um grande nível. É importante que haja competitividade”, disse, completando: “Aplausos na altura da substituição? É muito importante esse reconhecimento por parte dos adeptos e dos companheiros, fico muito feliz por isso. Agora há que continuar a trabalhar”.