Se recuarmos dois meses, o início de aventura do Wolverhampton na Premier League não foi propriamente o melhor a nível de resultados: empate com um Everton reduzido a dez unidades muito cedo (2-2), derrota na deslocação a Leicester (2-0). Ainda assim, os Wolves, a equipa mais portuguesa de Inglaterra, continuavam a merecer destaque por tudo aquilo que faziam no relvado e ficava escondido nos resultados. E mais tiveram quando travaram o Manchester City em casa (1-1). E mais passaram a ter quando as vitórias começaram a surgir, numa série em grande até à recente paragem das seleções.

Depois do triunfo frente ao Sheffield Wednesday para a Taça da Liga (2-0), o conjunto comandado por Nuno Espírito Santo somou a primeira vitória na Premier League em Londres diante do West Ham (1-0), seguida da estreia a vencer em casa ante o Burnley (1-0). Havia outro teste de fogo em vista, que o Wolverhampton superou com distinção arrancando um empate a uma bola em Old Trafford com o Manchester United, antes de mais dois triunfos com Southampton (2-0, casa) e Crystal Palace (1-0, fora). 15 pontos em oito jogos que valiam o oitavo lugar no Campeonato e um reforço de holofotes. Como por exemplo do The Telegraph, que publicou este sábado uma extensa reportagem com o português eleito o melhor técnico de setembro.

Nuno Espírito Santo ganhou o prémio de melhor treinador em setembro da Premier League (Matthew Lewis/Getty Images)

Nuno falou sobre Guimarães (onde comprou um terreno para fazer aquela que imagina ser a sua casa de sonho), José Mourinho, redes sociais, casamento e até golfe, admitindo as dificuldades que continua a sentir apesar de jogar duas vezes por semana. Da equipa, definiu em poucas frases os segredos que conduziram os Wolves a este momento e, em paralelo, as bases que terão de ser construídas para o futuro. “Seria absurdo que a forma de jogar não se mantivesse, mudar algo que já funciona seria um enorme erro. A identidade está presente porque foi construída com o tempo, no ano passado os Sub-18 e os Sub-23 não jogavam como nós e agora já o fazem. Nem todos os clubes têm isso. No momento em que entramos em campo e os nossos jogadores conseguem ver o mesmo do que nós, é algo que me deixa orgulhoso”, explicou o treinador sobre o 3x4x3.

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“Podemos comparar a nossa situação a uma alcateia de lobos, qualquer que seja o território que queiramos dominar. Queremos ser sempre nós próprios e termos os nossos adeptos a ver isso, é algo especial para os rapazes. O Wolverhampton é um grande clube através da história, agora este é o primeiro passo para se tornar um grande clube. Terei sempre bons e mais momentos mas isto não passa pelas minhas expetativas. O que me trouxe para aqui não foi o dinheiro mas sim outras coisas como a possibilidade de poder criar algo”, acrescentou entre outras considerações sobre o clube que subiu na última temporada.

É possível perceber em pequenos pormenores esse crescimento do Wolverhampton, como por exemplo na festa com direito a foguetes na altura da entrada das equipas. No entanto, nem sempre as coisas correm da melhor forma e foi isso que aconteceu esta tarde no Molineux Stadium: frente ao Watford, equipa que tem como adepto mais mediático (e antigo proprietário) Elton John, os comandados de Nuno perderam por 2-0 com dois golos de Capoue e Pereyra em menos de um minuto (20′ e 21′) num jogo que voltou a contar com Rui Patrício, Rúben Neves, João Moutinho, Hélder Costa e Diogo Jota como titulares (Rúben Vinagre rendeu Jonny Castro ao intervalo, Ivan Cavaleiro entrou para o lugar de Raúl Jiménez aos 60′).

Nos outros encontros da jornada, já depois do escaldante Chelsea-Manchester United (2-2), nota para a goleada do Manchester Citypor 5-0 frente ao Burnley com um golo de Bernardo Silva (os outros foram de Agüero, Fernandinho, Mahrez e Leroy Sané) que vale, para lá, a liderança isolada aos campeões porque o Liverpool joga mais tarde com o Huddersfield. Já o Tottenham venceu fora o West Ham no dérbi de Londres por 1-0 (Lamela) e colou-se ao Chelsea no segundo lugar.

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