As autoridades angolanas disseram este domingo que “secaram” a fonte de sobrevivência de milhares de cidadãos da República Democrática do Congo (RDCongo) que se dedicavam à exploração e comercialização ilegal de diamantes em Angola, levando-os a abandonar o país.

“E esse tem sido um dos motivos por que milhares e milhares de cidadãos da RDCongo abandonam o país, porque nós encerrámos as casas de compra de diamantes, eles não têm mais as cooperativas abertas”, disse o porta-voz da “Operação Transparência”, António Bernardo.

A operação, que teve início a 25 de setembro, decorre nas províncias angolanas da Lunda Norte, Lunda Sul, Moxico, Bié, Malanje, Cuando-Cubango e Uíje, e, segundo as autoridades, tem como fundamento o “combate à imigração e exploração ilegal de diamantes”.

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Mais de um milhão de dólares, 17.000 quilates de diamantes, 51 armas de fogo, dezenas de viaturas e motorizadas são algumas apreensões resultantes da operação, que também encerrou centenas de casas de compra e venda de diamantes e 91 cooperativas.

De acordo com o comissário António Bernardo que, no Comando Municipal do Lucapa, província da Lunda Norte, procedia à apresentação dos meios apreendidos, os imigrantes ilegais usavam vários mecanismos para aliciar vendedores de diamantes.

“Por forma a estimular cada vez mais angolanos ou não, imigrantes ilegais que aqui se encontravam para mais exploração, mais tráfico ilícito de diamantes, ofereciam viaturas ligeiras a pessoas que vendessem pedras de diamantes que oscilavam entre os 3.000 e os 5.000 dólares”, explicou.

Segundo o oficial superior da polícia angolana, o aliciamento também era direcionado para traficantes que apresentassem pedras que tivessem valor “igual ou superior a 15.000 ou 20.000 dólares”.

“Portanto, quem conseguisse até uma dessas casas de compra tinha direito ao montante acordado e mais uma viatura Land Cruiser, adiantou.

E essa operação “é o motivo desses imigrantes afirmarem que não têm mais razões para continuar aqui em Angola. A “saída massiva desses cidadãos ao nosso país”, mais de 380.000, “deve-se a esse fator, secou a fonte e estão aí as provas”, apontou.

Balanças, lâmpadas para análise e verificação de pedras de diamante, cofres, telemóveis, geradores fazem parte também do conjunto de material apreendido no âmbito da “Operação Transparência”.