O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) às eleições presidenciais do Brasil, Fernando Haddad, acusou este domingo o seu adversário na segunda volta, o ultraconservador Jair Bolsonaro, de ser um “chefe de milícia” e os seus filhos uns “bandidos”.

“Essas pessoas são uma milícia, não é um candidato a presidente, é um chefe de milícia, os seus filhos são milicianos, são bandidos, é gente de quinta categoria, essa é a verdade”, afirmou Haddad, numa conferência de imprensa em São Luís, no estado do Maranhão, no Nordeste no Brasil, citado pela agência EFE.

Repetindo que “ele (Bolsonaro) é um chefe de uma milícia”, Haddad defendeu que só “o medo de quem tem discernimento cresce” e quem “está anestesiado não vê o perigo” que, para o candidato do PT, representa o adversário, um nostálgico da ditadura militar (1964-1985).

Antes destas declarações, num comício com simpatizantes, Haddad assegurou que, “ganhando um ponto” percentual “por dia” nas sondagens de intenção de voto, irá vencer Bolsonaro nas eleições do próximo domingo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Num outro comício, na quinta-feira, em Fortaleza, no estado do Ceará, também no Nordeste, o candidato do PT tinha apelidado Bolsonaro de “uma aberração, que só fala sobre a violência e ofende os nordestinos, as mulheres e os negros”.

“Há 28 anos que [Bolsonaro] está no Congresso como deputado federal e só vomita barbaridades”, disse na altura Haddad, acrescentando que o seu adversário “tem apenas ódio no seu coração”.

De acordo com a sondagem mais recente, divulgada na quinta-feira, Bolsonaro reúne 59% das intenções de voto, contra 41% de Haddad.

O sucessor de Michel Temer como 38.º Presidente da República Federativa do Brasil será escolhido na segunda volta, marcada para o próximo domingo. Jair Bolsonaro (PSL) venceu a primeira volta, a 07 de outubro, com 46,7% dos votos e Fernando Haddad obteve 28,37% dos votos.

Jair Bolsonaro, de 63 anos, é criticado por adotar ideais da extrema-direita e por já ter manifestado admiração pela ditadura militar que governou o Brasil entre os anos de 1964 e 1985.

A candidatura de Jair Bolsonaro também desperta receio porque ao longo da carreira, e também da campanha eleitoral, o político fez declarações públicas consideradas machistas, racistas, homofóbicas e de apologia à violência.

Fernando Haddad, de 55 anos, ex-ministro da Educação e antigo presidente da Câmara de São Paulo, substituiu Lula da Silva como candidato do PT às eleições presidenciais.

A candidatura do ex-presidente do Brasil Lula da Silva, que cumpre na prisão uma pena de 12 anos e um mês por corrupção, foi registada pelo PT e depois vetada pelo Tribunal Superior Eleitoral, com base na lei que proíbe alguém condenado em duas instâncias de concorrer a qualquer cargo eleitoral.

Lula da Silva foi condenado em duas instâncias judiciais, num processo em que foi acusado de ter recebido um apartamento de luxo na cidade do Guarujá da construtora OAS, em troca de favorecer contratos da empresa com a estatal petrolífera Petrobras.

Como Lula da Silva, também Fernando Haddad não escapou à nuvem de corrupção.

No início de setembro, o ex-governante foi denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de corrupção, branqueamento de capitais e associação criminosa a propósito de uma investigação que envolve a UTC Engenharia, empresa de construção envolvida na Operação Lava Jato.

Segundo a procuradoria, Ricardo Pessoa, dono da construtora, teria transferido em 2012, sem declarar, 2,6 milhões de reais (cerca de 560 mil euros), para a campanha do então candidato a prefeito de São Paulo.