Empresários e funcionários chineses defendem que a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, que será inaugurada na terça-feira, traz maior integração económica e política ao Delta do Rio das Pérolas, enquanto críticos a consideram uma peça de propaganda.

“Tem um efeito psicológico: une os três lugares”, resumiu aos jornalistas Wei Dongqing, um dos responsáveis pelo projeto que liga as antigas colónias portuguesa e britânica ao continente chinês. “Confiamos no futuro: um mercado unido, um povo unido”, acrescentou Wei. “Esse é o sonho”.

Após nove anos de construção, a infraestrutura vai ser inaugurada com uma cerimónia em Zhuhai, cidade adjacente a Macau, pelo Presidente chinês, Xi Jinping, que deverá fazer a travessia na sua limusina à prova de bala, segundo avançou a imprensa de Hong Kong.

Trata-se da maior ponte do mundo sobre o mar, com uma estrutura principal de 29,6 quilómetros – uma secção em ponte de 22,9 quilómetros e um túnel subaquático de 6,7 quilómetros – , numa extensão total de 55 quilómetros.

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A construção começou em 2011 e previa-se a abertura para 2016, mas vários problemas, como acidentes de trabalho, uma investigação de corrupção, obstáculos técnicos e derrapagens orçamentais obrigaram a um adiamento da inauguração.

Wu Ting, fundadora da escola de negócios Jiabin, explicou à agência Lusa que, apesar do retorno de Macau e Hong Kong à China, faltam ainda meios de ligação entre as partes. “A nível político precisamos de reforçar a ligação”, notou.

“Por outro lado, tem um significado social: une o povo cantonês, que fala o mesmo dialeto e partilha da mesma cultura e laços sanguíneos”, acrescentou. No entanto, críticos consideram a obra desnecessária, e apontam os seus altos custos de construção e manutenção.

“O verdadeiro propósito é servir como uma peça de infraestrutura para propaganda, que anuncia a unidade da China com as antigas colónias, apesar dos diferentes antecedentes históricos, legais ou até dos respetivos sistemas de transporte”, explicou a jornalista de Hong Kong, Erin Hale.

Para as autoridades chinesas, a ponte é um marco do projeto de integração regional da Grande Baía, que visa criar uma metrópole mundial a partir dos territórios de Hong Kong, Macau e outras cidades da província de Guangdong, como Cantão e Shenzhen.

Segundo estimativas do jornal de Hong Kong South China Morning Post, a ponte custou aos três governos cerca de 1,9 mil milhões de euros.