Para a Seat, desenvolver a base para um modelo de competição não é propriamente uma novidade, pois foi o seu Leon (da geração anterior) que animou primeiro o troféu monomarca, que acabaria depois de servir como base para o Campeonato do Mundo de Carros de Turismo. Agora a história repete-se, com a World Sporting Consulting a anunciar para 2020 a primeira edição do novo campeonato ETCR, exclusivo para veículos eléctricos, sendo de novo a Seat a desenvolver o protótipo que depois todos irão utilizar como base.

Partindo como base de um Leon TCR Cup Racer, animado por uma mecânica a gasolina com 350 cv, os técnicos da Seat Sport, liderados pelo conhecido Jaime Puig, retiraram motor, caixa e depósito, montando no seu lugar dois motores eléctricos no eixo posterior, totalizando 680 cv e uma bateria com a capacidade de 65 kWh e 450 kg de peso. O resultado é impressionante, para o piloto de testes da casa, Jordi Gené, “pois o carro tem mais 330 cv do que a versão a gasolina e, apesar de pesar mais 400 kg, devido à presença do pack de baterias, é muito mais rápido, anunciando 3,2 segundos de 0-100 km/h”. Segundo conseguimos apurar, o e-Racer (exibe agora a marca Cupra) pode efectivamente atingir picos de 680 cv, com os motores a atingirem 12.000 rpm, mas em contínuo tem de se limitar a 408 cv, para evitar aquecimentos excessivos do acumulador.

O fabricante espanhol continua a realizar testes tendo em vista optimizar os sistemas, especialmente os relacionados com a bateria que, como acontece em todos os veículos que recorrem a esta tecnologia, tem tendência a aquecer muito sempre que é recarregada num posto de grande potência (para que a operação seja mais célere), ou quando se conduz a um ritmo muito rápido e o motor – fornecido pela Rimac, os croatas que produzem os Concept_One e Two, além do Kers para o Aston Martin Valkyrie – extrai do acumulador uma grande quantidade de energia por segundo.

Concluíram os engenheiros que, apesar do Cupra e-Racer estar equipado com um eficaz sistema de refrigeração das baterias, por vezes e em situações limite não se revela suficiente, o que leva a acender-se a luz avisadora de excesso de temperatura na bateria. A solução é rumar à box e soprar ar através de gelo seco, que apesar da denominação, é na realidade dióxido de carbono solidificado a uma temperatura de 78º negativos. Informa o construtor que consomem cerca de 200 kg de gelo seco por dia, produto que é comercializado a cerca de 3 euros por quilograma e que além de ser utilizado para refrigerar, é igualmente vulgar nos espectáculos musicais e no teatro, para criar aquele efeito de nuvem junto ao solo.

Obviamente, os técnicos da Seat terão de encontrar uma forma da bateria suportar os esforços sem necessitar de gelo seco, pois não só não é prático estar a parar a meio da corrida para baixar a temperatura (o que a não acontecer pode fazê-la incendiar, o que não seria muito bom para o ETCR), como se está a libertar uma quantidade importante de CO2 para a atmosfera, que é exactamente o que os veículos eléctricos pretendem evitar.

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