Foi a 9 de abril de 1940 que a Alemanha nazi iniciou a invasão da Noruega, tendo desembarcado tropas na orla costeira do país. Ao consolidar a sua posição nas grandes cidades, como Oslo e Bergen, Adolf Hitler afrontava a Europa ao assumir o controlo de uma das regiões mais importantes na extração de ferro, crucial para manter a industria de armamento alemã.

A ocupação nazi durou cerca de 5 anos, (entre 1940-1945), e implicou a mobilização de mais de 300 000 soldados alemães que se estabeleceram em solo norueguês. À época, a Noruega tinha aproximadamente três milhões de habitantes e o contacto entre os militares alemães e as populações locais ocorreu naturalmente, resultando nalguns casos de militares que se casaram com mulheres norueguesas.

No entanto, a maioria destes casais “de guerra” terminaram o seu relacionamento após a libertação da Noruega do domínio Nazi, em maio de 1945. A maioria das mulheres norueguesas que se tinha casado nestas circunstâncias sofreu graves represálias, sendo acusadas de traição ao seu país.

Desde penas de prisão, a demissões dos seus trabalhos, redução ou perda de salários e abusos físicos, os números mais recentes, divulgados pelo Centro Norueguês de Estudos sobre o Holocausto e Minorias Religiosas, revelaram que entre 30 a 50 mil “meninas alemãs” tenham sido ostracizadas por se terem envolvido com soldados alemães durante o período da ocupação nazi.

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No período que se seguiu à libertação, muitas raparigas e mulheres norueguesas que mantiveram uma relação com os soldados alemães, ou eram suspeitas de manter um relacionamento, foram vítimas de um tratamento indigno. Hoje, em nome do governo, quero desculpar-me”, disse a primeira-ministra Erna Solberg, durante um evento comemorativo do 70º aniversário da Declaração dos Direitos Humanos, de acordo com a ABC.

Embora Solberg saiba que, atualmente, a maioria destas mulheres possa já não estar viva, achou necessário pedir desculpas a todas as mulheres vitimas do período pós-guerra.

“A nossa conclusão é que as autoridades norueguesas violaram o princípio fundamental de que nenhum cidadão pode ser punido sem ser submetido a julgamento. Para muitas [mulheres] era apenas um amor adolescente, para outras, era o amor da sua vida com um soldado inimigo. É facto que este período deixou uma marca irreparável nas suas vidas”, concluiu a primeira-ministra norueguesa.

No entanto, o caso das “meninas alemãs” não é o único que levantou conflitos no país escandinavo. Outra das injustiças envolveu entre 10 a 12 mil crianças, descendentes da união entre estas mulheres e os soldados alemães, que também foram alvo de atrocidades.

Nos casos mais extremos, algumas chegaram a ser afastadas das suas famílias e transferidas para instituições do governo. O caso dos abusos levou a que um grupo destes jovens tenha feito queixa do Governo norueguês ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, em 2007. No entanto, as suas queixas não foram admitidas devido ao tempo decorrido desde que os eventos ocorreram.