A unidade de estudos económicos do Banco Standard considerou esta terça-feira que a manutenção da taxa de juro diretora em Moçambique, nos 15%, é “surpreendente”, uma vez que a taxa de juro real está nos 10%.

“Numa decisão surpreendente, o comité de política monetária do Banco de Moçambique deixou a sua taxa de juro de referência inalterada nos 15,0%”, escrevem os analistas do departamento de estudos económicos do Standard Bank.

Na nota aos investidores, a que a Lusa teve acesso, os economistas admitem que estavam à espera “de um corte de 50 pontos-base”, também porque “Moçambique tem a taxa de juro real mais elevada” entre os 16 países cobertos pela análise do banco.

Prevendo que a inflação “termine o ano nos 7,7% e que se mantenha, de forma geral, estável em 2019”, com uma média de 8,1%, os analistas vincam que “a estabilidade do metical face ao dólar deve provavelmente ajudar a conter as pressões inflacionárias”.

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Esta perspetiva de estabilidade, concluem, resulta também dos resultados municipais, que apesar de serem criticados pela oposição, mostraram um “processo pacífico”.

Na segunda-feira, o Banco de Moçambique manteve a taxa de juro em 15% e as taxas da Facilidade Permanente de Depósitos e da Facilidade Permanente de Cedência em 12% e 18%, respetivamente.

O regulador do sistema financeiro moçambicano manteve ainda o coeficiente de reservas obrigatórias para os passivos em moeda nacional em 14% e em moeda estrangeira em 27%, disse, em conferência de imprensa, o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela.

“A decisão em relação à taxa MIMO [taxa de juro] é fundamentada pelo facto de a avaliação das perspetivas de curto e médio prazo continuar a indicar a manutenção da inflação em um dígito, em linha com as projeções anteriores”, declarou Rogério Zandamela, falando no final da reunião do Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique, na segunda-feira.

O CPMO, prosseguiu, considera apropriada a postura de manutenção das principais taxas de juro, após mais de um ano de redução consistente.

O clima económico deteriorou em agosto pelo terceiro mês consecutivo, refletindo perspetivas pessimistas das empresas em relação às expectativas de emprego e preços.

“Em termos sectoriais, a avaliação traduz o sentimento negativo dos agentes económicos dos setores de produção industrial, da construção e do comércio, que se sobrepôs à avaliação positiva dos setores de alojamento, restauração e dos transportes e armazenamento”, afirmou o governador o Banco de Moçambique.