Não é a primeira vez que a Tesla sai do vermelho num trimestre, pois já tinha acontecido em duas ocasiões, ambas há mais de um ano. Mas as metas então conseguidas foram à custa não da simples produção e comercialização de automóveis, mas sim graças à venda de direitos de carbono a outros fabricantes de veículos mais poluentes, alimentados por combustíveis fósseis. Agora é diferente, pois a marca americana especializada na produção de veículos eléctricos conseguiu atingir resultados operacionais positivos em condições normais, ou seja, vendendo os carros que fabrica.

Elon Musk, o polémico CEO, já tinha prometido que o 3º trimestre (Q3) de 2018 marcaria a entrada da Tesla nos lucros e que, a partir daí, a marca continuaria a gerar mais dinheiro do que o que consome. Segundo Musk, este objectivo garantiria os fundos próprios para cobrir os investimentos que a Tesla tem de realizar nos próximos dois a três anos, tanto em novos modelos (Y, Roadster, Semi e Pick-Up), como na fábrica que está a construir na China, para 500.000 veículos/ano.

Como Musk já tinha feito promessas que não conseguiu cumprir, havia quem duvidasse da capacidade da Tesla gerar dividendos de Julho a Setembro. Mas essa tradicional oposição aos bons desempenhos da marca foi perdendo vigor à medida que se aproximava a data do anúncio dos resultados. Até um dos mais fortes opositores de Musk, Andrew Left da Citron Research, um dos mais importantes short seller que sempre apostou contra a Tesla, viria há dois dias atrás alinhar pela maioria e anunciar que, também ele, passaria a accionista a longo prazo.

Além de um volume de facturação recorde no trimestre, de 6,82 mil milhões de dólares e um lucro de exactamente 312 milhões de dólares, o relatório (que pode ver na galeria) menciona outros dados interessantes, como o facto de as margens brutas terem ascendido a 25,8%, em parte graças ao número de horas para fabricar um Model 3 ter caído mais de 30%, do Q2 para o Q3, ficando pela primeira vez abaixo do necessário para construir os Model S e X. É claro que há ainda algumas pedras no caminho, dos impostos adicionais de 40% na China às taxas que penalizam igualmente algumas importações vindas da China para a fábrica de baterias localizada no Nevada, mas o construtor continua confiante que ter trimestre positivos é uma “moda” que veio para ficar. O que se vai confirmar já em Dezembro, no quarto e último trimestre do ano.

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