Diners americanos, sushi houses, botequins brasileiros e mexicanos, restaurantes orgulhosamente franceses e italianos e espaços que parecem retiros encantados no meio da agitação da baixa, são algumas das recentes propostas que a cidade tem para mostrar. Misturamos idiomas, fomos conhecê-los de perto e no final destacamos estes sete magníficos.

La Fontana

Rua de Cedofeita, 378; preço médio: €25; tel. 224 918 832; 12h-15h e 19h-23h30 (fecha à terça)

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Há 13 anos a viver no Porto, Andrea Pulcini fartou-se do corre-corre da vida de médico e decidiu que era altura de mudar de rumo. Não se pode dizer que tenha sido uma mudança radical: “Os meus pais têm um restaurante em Leça, o Pulcini”, experiência bem sucedida que serviu de inspiração para o La Fontana. O espaço, outrora lugar da Fonte de Cedofeita, que agora repousa nos jardins Nova Sintra, é bastante maior, com capacidade para cerca de 70 pessoas, e na cozinha combinam-se as raízes romanas de Andrea e dos pais com as da Sicília, do sócio Luca, que lhe trouxe as anchovas, o pesto de pistáchio ou os arancini.

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“As pessoas em Portugal ainda não sabem o que é a verdadeira comida italiana”, diz desdenhando invenções como o ananás, a bolonhesa ou o frango na pizza, “em Itália isso é impensável!”. Feita a declaração de honra, Andrea garante que no La Fontana todos os produtos vêm de Itália, exceto alguns frescos e o azeite do Douro. A massa fresca é feita no restaurante, “aprendi com o meu pai, que aprendeu com a minha avó”, os vinhos são de casas italianas, como a Casale del Giglio – “quem viu o ‘Comer, Orar, Amar’ deve reconhecer o Mater Matuta” – bem como as águas e as cervejas. Ao almoço há menus do dia com entrada e três especialidades à escolha (€8,5 – €12) e todas as semanas são desenvolvidos pratos especiais para contornar a monotonia da carta.

Boteco Mexicano

Campo dos Mártires da Pátria, 38/41; preço médio: €20; tel. 964 249 974; 12h30-23h30 (sexta e sábado fecha às 00h30; encerrado aos domingos)

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Chama-se boteco e é descontraído como tal, com um serviço próximo, paredes de lousa rabiscadas pelos clientes, fotos de Ayrton Senna, Frida Kahlo e Pelé — santo padroeiro do futebol, lia-se em baixo – e mesas contíguas capazes de tornar perfeitos desconhecidos em amigos para a vida. “Quisemos juntar o Brasil e o México pela sua proximidade cultural, mas não num conceito de fusão” começa por dizer Marta Almendra que, juntamente com o chef Luís Américo, abriu em Maio o Boteco Mexicano.

A carta está dividida a meio, à esquerda o amarelo da canarinha, à direita o verde mexicano, num papel que faz lembrar um bloco de notas de tasca tradicional. Lá podemos rabiscar quantos pastéis de carne e queijo (€3), torresmos mineiros (€3), quesadillas (€8 – €9), tacos (€9) ou burritos (€5) queremos petiscar, “são tudo doses pequenas para partilhar”, e há espaço também para pratos mais complexos como o bobó de camarão (€12,50) ou a picanha na brasa (€8,5). Neste espírito informal de street food autêntica, o Boteco transforma-se ao fim-de-semana, a partir das 23h30, num sítio de festa, com música a passar nas colunas até não haver mais nenhum sambista ou mariachi na praça. Nas bebidas, além de poder provar algumas cachaças e tequillas diferentes ao ritmo dos shots (€2 – €3,5), servem-se jarros de caipirinha (€15) e marguerita (€18), bem como cervejas tradicionais e criações especiais que “te vuelves al revés”, tais como a coronita e a desperadita (€8,50).

Cocorico

Rua Duque de Loulé, 97; tel. 222 013 971; está aberto entre as 11h e as 23h; almoço: 12h30-15h; jantar: 19h30-22h; preço médio: €60 duas px | menu do dia (2ª a 6ª): entre €20 e €25

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Afirma-se como o primeiro restaurante genuinamente francês do Porto, com uma carta repleta de especialidades regionais. A decoração lembra uma carruagem elegante do Expresso Oriente, mote para uma viagem que passa pela Dourada na prancha do País Basco francês (€26), pelos frutos do mar gratinados (berbigão, ameijoa e mexilhão) da Bretanha (€8) e desce ao sul para uma tarte fina de salmonete da Provença (€25). Não faltam também clássicos como o magret de pato (€24) ou a terrine de foi gras (€20) e há algumas especialidades servidas fora de horas. Ao domingo o Cocorico aposta num brunch forte em sabores português, sem descuidar a riquíssima pastelaria, charcutaria e selecção de queijos franceses (€20).

Flora Miluka, a chef executiva do grupo Millésime Collection (que escolheu o Porto para abrir a sua primeira unidade hoteleira fora de França), classifica este alinhamento como uma homenagem às diferentes tradições culinárias francesas, “é o espelho daquilo que gostamos de cozinhar em casa”. A harmonização é feita com vinhos do Douro, mas também há vinho do Porto, champanhe e cocktails que podem ser desfrutados a qualquer hora do dia.

Salve Simpatia

Rua da Picaria, 89; tel. 222 080 892; 18h-02h (fecha à segunda, happy hour – terça a sexta, 18h-20h); preço médio: €20

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“Trazer o petisco brasileiro para cá” foi o que motivou o Salve Simpatia a sair do Brasil para abrir no Porto o seu terceiro espaço, o primeiro transatlântico. As origens estão em Niterói e no samba clássico que alimenta as paredes com fotos de Chico Buarque, Caetano Veloso, Tom Jobim, Elis Regina, de Jorge Ben Jor, que empresta o nome ao restaurante, mas também de figuras menos conhecidos do grande público português, como Nelson Sargento, Jorge Aragão ou Nelson do Cavaquinho — e nem Pelé, de violão na mão, escapa a esta história ilustrada da música popular brasileira. “Há clientes que dão a volta toda ao restaurante só para ver as imagens”, sorri Carlos Roberto, sócio-gerente, carioca de gema e há dez anos a viver no Porto.

Tudo esclarecido em relação à banda sonora, passemos então à carta, onde os petiscos de botequim são as estrelas principais. Carne de sol com mandioca (€15) – “no Rio a carne é mesmo deixada quatro dias ao sol”, aqui não – dadinhos de tapioca (€6,5), frango à passarinho (€8), torresmos (€5) ou bolinha de feijoada brasileira (€7) são alguns dos petiscos de uma oferta que também inclui picanha bem brasileira, “com uma camada de gordura e servida em fatias grossas” (€18). Para acompanhar, nada como uma caipirinha ou um fino que na Happy Hour é servido a €1. A boa disposição é garantia para a tarde e noite fora. Dúvidas houvesse, a inscrição à entrada põe os devidos pontos nos is: “Na minha casa todo mundo é bamba, todo mundo bebe, todo mundo samba”.

Muhai Sushi & Bar

Rua das Oliveiras, 110; tel. 926 383 359; 12h-15h e 20h-24h (segunda fecha ao almoço, encerrado aos domingos); preço médio: €25

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Quem conhece o Bushido em Matosinhos encontrará muitas semelhanças com este restaurante. Os sócios são os mesmos, o conceito também, apenas foram feitos alguns reajustes ao menu, em linha com o público que circula na movida do Porto. Começando pelo nome: “Muhai significa invicta”, elucida Tiago, gerente do espaço e também responsável pela carta de cocktails, outra das novidades desta sushi house. Adaptações de clássicas com Saké, que vão da Sakiri à Sakirinha (€6), passando por criações de autor, como o Kyuri Sour (vodka com pepino) e o Ichigo&Chiri, “literalmente morango&malagueta”, são algumas das 10 ofertas que podemos encontrar nesta secção.

No sushi, há peças com mais ou menos fusão, de acordo com o gosto do cliente e a inspiração do sushiman. “Os peixes que usamos são o salmão, o atum e o peixe manteiga, mas às vezes ao fim-de-semana temos também robalo e dourada”. Opções como os menus freestyle, a começar no Tokio de 16 peças (€16) e terminando no Premium Muhai de 60 (€80), são um bom incentivo à descoberta. Já o menu Festival leva o freestyle para um nível em que não há limite de peças, “o cliente para quando quiser”.

Lollipops Diner

Rua Mártires da Liberdade, 22; tel: 308 808 919; 11h30-23h (sexta e sábado 10h-24h; domingo 10h-18h; encerrado à segunda-feira); preço médio: €10

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A estátua da liberdade à porta não engana: estamos mesmo num diner em plena baixa da cidade. Na decoração há quadrados pretos e brancos a forrar o chão, sofás vermelhos corridos, jukeboxes, um néon da Warner Bros e outros elementos kitsch que nos remetem para este imaginário fatalmente americano, tantas vezes presente no grande ecrã. Inesperadamente, os responsáveis pelo restaurante não são nem americanos nem portugueses, mas sim um casal francês. Filipa e Laury Cirozat confessam-se apaixonados pelos Estados Unidos e também pelo Porto, “juntámos o útil ao agradável” e trouxeram o “verdadeiro hambúrguer americano” para Portugal. A carne usada é biológica e preparada diariamente para o Double Cheese, “o grande clássico americano” (€7,90), para o Crusty Burger, com queijo cheddar, tomate, alface e pickles (€8,50) ou para o Lollipop’s Burger, apresentado com dois hambúrgueres, bacon, ovo e cebola caramelizada (€9,80).

As especialidades não param por aqui: há sanduíches (ou sandwiches) como a Philly cheesesteak, “prato típico da Filadélfia” (€8,50) e milkshakes de vários sabores, “chocolate, baunilha e morango os mais simples (€4), oreo, chips ahoy e kinderbueno os mais elaborados” (€5,50). Aqui nem o pequeno-almoço foi esquecido. O day’n’out é o exemplo de tudo o que um genuíno americano precisa para começar bem o dia, “junta o doce das panquecas com o salgado dos ovos mexidos, do bacon e do queijo” (€6,70).

Happy Nest

Avenida Rodrigues de Freitas, 293; tel. 220 934 249; 08h30-17h (sábado e domingo 10h-15h; fecha às segundas e terças); preço médio: €15

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De França chegou também o Happy Nest, um espaço que é o reflexo do espírito aventureiro de Léa Cayrol e Capucine Duval. “Viemos passar umas férias a Portugal e ficámos encantadas com o Porto”. Daí a pegarem no carro, em meia dúzia de roupas e a começar uma vida nova do zero foi um pequeno grande passo. “Não foi um processo fácil, mas agora estamos muito felizes”, partilha Léa sem nenhuma melancolia na voz. Esse sentimento transparece no Happy Nest, um espaço envolto numa aura leve, decorado com madeiras, tons claros e que tem duas salas cheias de luz e um jardim sossegado. “Queremos que as pessoas se sintam em casa”.

Olhando para a carta, existe uma aposta forte em ingredientes frescos, como sumos naturais e saladas, e opções sem glúten: “quando viemos ao Porto pela premeria vez, procurámos sítios com comida leve e com algumas opções sem glúten, porque eu sou intolerante, mas não encontrámos assim tanta coisa. Por isso decidimos abrir um espaço com estas características”. Entre o “pequeno-almoço delicioso”, os pratos de almoço que variam todas as semanas e os bolos caseiros do lanche, Léa prefere destacar o brunch de fim-de-semana como a grande especialidade da casa (€13,50). É composto por uma bebida quente, sumo de laranja ou limonada caseira, um croissant francês acompanhado de nutela ou compota, sopa, tosta de húmus, vegetais grelhados e queijo feta e uma taça de iogurte com granola, chocolate caseiro e fruta. Os mais sortudos podem ainda ter a companhia da cadelinha mais feliz das redondezas, “é tão pequena que pesa apenas 1kg!”. Nós não a vimos, mas fica aqui a curiosidade.