O coordenador interino da Renamo, principal partido da oposição moçambicana, exigiu esta quinta-feira uma comissão de inquérito às eleições autárquicas do dia 10 em cinco municípios, com o envolvimento da ONU, qualificando o escrutínio como uma “autêntica farsa”.

“Nós, a Renamo, exigimos uma comissão de inquérito independente que irá trazer a verdade eleitoral”, declarou Ossufo Momade, falando por telefone, a partir de Gorongosa, centro de Moçambique, para a comunicação social presente na sede da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), em Maputo.

A comissão de inquérito independente vai averiguar o processo eleitoral em cinco municípios: Monapo, Alto Molocué, Marromeu, Moatize e Matola, afirmou o coordenador interino da Comissão Política do principal partido da oposição.

“Para tal, queremos contar com os bons ofícios das Nações Unidas”, acrescentou Ossufo Momade.

O coordenador interino da Renamo, que substituiu o falecido presidente do partido, Afonso Dhlakama, em maio, considerou as eleições autárquicas uma autêntica fraude, acusando os membros da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, na Comissão Nacional de Eleições (CNE) de terem recorrido ao voto para o apuramento dos resultados.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“É estranho que a Comissão Nacional de Eleições tenha, de forma leviana, usado a ditadura de voto para o apuramento dos resultados”, disse.

A CNE devia ter recorrido às atas e editais da votação para apurar os resultados das eleições, assinalou Ossufo Momade.

Momade acusou o órgão eleitoral de ter transformado as eleições autárquicas numa “autêntica farsa”, por supostamente ter manipulado e falsificado os resultados.

“Lamento a situação deplorável em que chega o nosso país sempre que termina um processo eleitoral”, destacou.

Ossufo Momade apelou ao chefe de Estado, Filipe Nyusi, que é também presidente da Frelimo, para a resolução do diferendo eleitoral, frisando que o litígio em torno do processo pode provocar um retrocesso nas negociações para a paz.

“Quero, aqui e agora, convidar o chefe de Estado, para, urgentemente, pôr termo ao problema que afeta o nosso país, sob pena de cairmos no retrocesso das presentes negociações, que estão a decorrer num ambiente de trégua e entendimento”, sublinhou.

A CNE confirmou na quarta-feira a vitória da Frelimo em 44 municípios nas eleições autárquicas e dos dois principais partidos da oposição em nove.

O Mapa de Centralização Nacional e do Apuramento Geral dos Resultados das Eleições Autárquicas, lido pelo presidente da CNE, Abdul Carimo, dá a vitória à Renamo em oito municípios e ao Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido no município da Beira, centro do país.

Os resultados confirmam os dados apurados pelas comissões distritais de eleições das 53 autarquias do país.

Com a votação que conseguiu no escrutínio do dia 10, a Frelimo perdeu cinco dos 49 municípios que controlava antes das eleições, enquanto a Renamo aumentou de um para oito o número de municípios em que vai governar.